Novo tempo

A época dos discursos inflamados, das provocações e das promessas acabou. Agora é hora de trabalhar. E fim de papo furado. A festividade da posse marcou o início de um novo tempo que enche os paranaenses de esperança. Beto Richa (PSDB) já se encontra no posto que um dia foi de seu pai, José Richa, e não deve economizar na razão, no esforço, na cobrança e na honestidade para obter sucesso na difícil missão de recolocar o Paraná em boa rota de evolução. Foram anos de atraso, de truculência, de corrupção e de falta de respeito que impediram o avanço econômico e social do Estado. A população não só concedeu o mandato ao novo governador, como nele depositou confiança para reverter a atual situação.

Durante o período de transição, números assombrosos foram revelados. O rombo no cofre público vale cerca de R$ 1,5 bilhão. Obra do peemedebista Roberto Requião, que, por quase oito anos, tratou o Paraná como se fosse o quintal da sua casa. Ainda é difícil compreender sua eleição para o Senado Federal. Como é possível aceitá-lo nesse importante cargo representando o Estado após todas as estripulias que praticou à frente do Poder Executivo? De empregos dados a esmo para parentes, passando por compras feitas em empresas de doadores de campanha e casos comprovados de corrupção que não mereceram a devida atenção, Requião fez de um tudo. Poderia muito bem ter sido esquecido no dia 3 de outubro de 2010.

Em seu discurso de posse, Richa lembrou o antecessor em vários momentos: “É o início de um novo tempo para as pessoas de bem no Paraná”; “Definitivamente, essa não é o tipo de herança que gostaríamos de ter recebido”; “Durante a campanha eleitoral, constatei um Paraná potencialmente rico, e nossa gente pobre de oportunidades; vi os paranaenses querendo sempre mais; e um governo ousando pouco. Vi nossa agricultura forte e diversificada; mas vi a falta de boas estradas e de um porto que funcione bem. Vi nossa indústria moderna, e a máquina pública ineficiente”; “É reprovável o legado que coloca o Estado na obrigação de promover um duro ajuste emergencial, que certamente vai exigir sacrifícios ainda não totalmente dimensionados pela nossa equipe de transição”; “Quase alcançamos trinta anos de eleições diretas para governador, mas mesmo assim o espírito republicano, que recomenda civilidade nas relações interpartidárias e impõe responsabilidades no trato da coisa pública, esse espírito tem sido um vago espectro para alguns dirigentes”. E fez bem. Os atos de quem tanto mal causou ao Estado e em tão pouco tempo não podem ser simplesmente esquecidos.

Em paralelo com a gestão do Paraná, Richa deve se preocupar em investigar todos os crimes cometidos pelo antigo mandatário e entregar às autoridades competentes as provas dos delitos para que o culpado ou os culpados sejam punidos. Isso nada tem a ver com vingança ou retaliação. É apenas um serviço prestado aos paranaenses e servirá para explicar o tempo que será perdido para ajustar as contas do Estado. Serão dias difíceis. Dar início ao duro trabalho de governar um grande estado como o Paraná com tantos problemas para resolver, não há como negar, é complicado. A prova de que o caso é grave é que o novo governador declarou moratória de 90 dias.

O tempo começou a correr. Aquietar a ansiedade por melhorias exigirá muito empenho e sabedoria, requisitos já preenchidos por Richa no comando da prefeitura de Curitiba. Contudo, o clima é de muito otimismo, o que favorecerá todas as mudanças propostas pelo governador.