Nossos hábitos mexem na inflação

A modernidade, que tanto facilita nossa vida, tem mais tentáculos e influências do que imaginamos. São mudanças de hábitos que, muitas vezes, demoram a ser percebidas, apesar de já convencionadas. Algumas alteram até a forma como se calcula a inflação e são uma prova disso.

Pra se ter uma ideia, aplicativos de transporte, como Uber, 99 e Cabify, há pelo menos três anos já atendem os cidadãos brasileiros. Mas só agora passam a fazer parte da estrutura de apuração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE.

Com muito atraso, também, serviços de streaming como Netflix e Spotify passam a pesar no índice inflacionário. Há bastante tempo passeiam pelo orçamento familiar, interferindo nas decisões de gastos ou economias.

No geral a lista está diminuindo. Itens como aparelho de DVD e máquina fotográfica deixam de ser pesquisados. Na nossa vida já foram substituídos pelas invenções já citadas e pelos aparelhos celulares, que na verdade congregam tudo e mais um pouco.

A lista traz curiosidades e nos faz pensar se estamos no caminho certo. No campo da mobilidade urbana, por exemplo: as regras que passam a valer em 2020 mostram que o peso do ônibus urbano no IPCA passou de 2,5773% para ,3020%, contrapondo a estreia da despesa com licenciamento de automóveis, com índice de 2,3287%. Levando em conta que a gasolina assumiu a liderança como maior dispêndio, saindo de 4,2988% para 5,0794%, chegamos à conclusão de que os problemas de trânsito nas grandes cidades estão longe de uma solução.

Até o hábito de consumo de notícias entrou na roda, motivando alterações. Ainda há muita gente lendo edições impressas. A Tribuna que o diga. São milhares de leitores que seguem viciados no papel jornal. Em número inegavelmente menor, ano após ano. Pra nós a revolução digital também já começou. Ao invés de milhares, hoje falamos com milhões de leitores na internet e APPs. Tantos quanto nunca imaginamos. Pro cálculo do IPCA, isso passa a valer. Assinatura de jornais está fora.

O que tudo isso significa? Muito. Entender esses novos hábitos é primordial pra definição de futuras políticas públicas e projetos estruturantes. Obriga investimentos em canais tecnológicos e de comunicação. Exige desburocratização radical de processos legais, estímulo irrefutável ao livre mercado e a ambientes inovadores.

Quando ressaltamos essas coisas dá uma impressão de que estamos quilômetros longe do ideal. E estamos mesmo. Bora caminhar!

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