Há um projeto, tão polêmico quanto interessante, que o governo do Paraná vai tentar aprovar na Assembleia Legislativa. A ideia é permitir que parques e unidades de preservação com grande potencial turístico possam ser explorados por terceiros, através de concessão via processo licitatório. A proposta já está protocolada na casa.
A polêmica reside no fato de se permitir que bem público seja explorado por ente privado. Ainda mais se tratando de equipamentos naturais que exigem cuidados permanentes e específicos.
A parte interessante vence a polêmica com uma fácil resposta, que surge após a pergunta: O poder público tem condições e competência de se manter à frente do manejo, desenvolvimento sustentável e mínimos encargos de preservação dessas áreas?
Na fila de prioridades, parece claro que renovar, cuidar e fazer prosperar o Parque Estadual Pico do Marumbi, por exemplo, é missão não listada entre as primeiras. O local atualmente é administrado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Conta com diversas cachoeiras, trilhas e camping.
Falamos de um lugar que recebe perto de 400 pessoas por fim de semana. E sem boas condições de visitação e segurança. Estivemos lá ano passado e o que encontramos não foi bom. Qual o potencial, desde que bem cuidado?
A proposta é que a empresa vencedora da licitação tenha uma concessão de uso e busque sua própria remuneração através da exploração de equipamentos turísticos como restaurantes, lanchonetes, centro de visitantes, trilhas e esportes de aventura. A conservação natural permaneceria sob responsabilidade do estado.
Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, o diretor de Gestão do Patrimônio Natural da Secretaria de Meio Ambiente, Aristides de Athayde, disse: “Não nos parece muito coerente que o estado, com todas as suas dificuldades, tenha ainda que se preocupar com a gestão turística, a gestão da visitação, daquela pessoa que vai procurar lazer”. No que ele está mais do que certo.
O governador e seu primeiro escalão já têm muito a se preocupar com saúde, educação, segurança e “sanidade” fiscal do estado. Tomara que o projeto em questão avance. Será bom pra quem aprecia a natureza e, também, libera o poder público de uma missão periférica.