Não tem mais volta

A princípio, o jogo continua aberto. Afinal, o encontro do PSDB paranaense no sábado, em um restaurante do bairro gastronômico de Santa Felicidade, em Curitiba, serviu oficialmente para lançar as pré-candidaturas do senador Alvaro Dias e do prefeito Beto Richa ao governo do Estado no ano que vem. Segundo o que todos falam para os jornalistas, quem estiver melhor nas pesquisas no início de 2010 será ungido como postulante tucano ao cargo ora ocupado pelo governador Roberto Requião. A festa foi bonita, todos saíram felizes nas fotografias.

Mas a visão de quem acompanhou tudo mostra que está tudo definido. Beto Richa é o candidato do PSDB ao governo do Paraná. O Estado trouxe, no domingo, a cobertura do evento e também uma entrevista com o prefeito de Curitiba, ambas feitas pelo repórter Roger Pereira. Das duas se retira que não tem mais volta. Em abril, Richa vai renunciar ao cargo, passar o posto ao vice-prefeito Luciano Ducci (PSB) e colocará a campanha na rua.

Primeiro, um trecho da matéria sobre o encontro do PSDB: “O prefeito da capital, que declarou respeitar a decisão do partido de realizar pesquisas para definir entre sua candidatura ou à do senador Alvaro Dias, foi o centro das atenções do evento. Faixas, cartazes, camisetas e, principalmente os discursos dos dirigentes do PSDB e dos partidos aliados tratavam Beto com candidato ao governo. Os deputados César Silvestri (PPS) e Nelson Justus (DEM), além do presidente estadual do PSB, Severino Araújo declararam apoio ao tucano. Representantes do PMDB e, até do PCdoB foram vistos no restaurante. Até o presidente estadual do PP, Ricardo Barros, que está rodando o Paraná em campanha ao lado do pré-candidato do PDT, Osmar Dias, participou do encontro”.

Agora, uma declaração da entrevista: “Eu atendi o apelo para colocar meu nome à disposição porque os companheiros analisaram as pesquisas e viram a tendência muito forte de uma candidatura de renovação. Sem sequer ter cogitado a possibilidade de ser candidato ao governo, em todas as pesquisas do Estado, nosso nome apareceu em destaque. Ou em primeiro ou empatado em primeiro. E o mais importante de tudo: eu devo satisfação àqueles que me elegeram. Aqui em Curitiba, 70% dos eleitores, conforme a pesquisa, gostariam de me ver na disputa em 2010. Então, essa preocupação, de decepção ou frustração em relação a uma eventual renuncia, nós não temos no momento”.

Pela primeira vez depois de admitir que poderia ser candidato, Beto Richa deu contundentes declarações. Antes resguardado, o prefeito demonstrou à reportagem de O Estado estar por dentro das pesquisas de intenção de voto, e se baseou nelas para responder se estaria preocupado com o efeito na campanha de sua renúncia à prefeitura de Curitiba. Ao mesmo tempo, no local em que quase todos os cinco mil participantes portavam cartazes com a frase “Sou Beto”, ele foi cercado pelos correligionários e por membros de outros seis partidos, todos eles aliados ou potenciais aliados de uma candidatura em 2010.

Não há mais como esconder. Beto sabe disso, e por isso deu um passo à frente. Começou a dar declarações mais fortes. Se ainda tenta manter a unidade do grande arco de alianças que o reelegeu em 2008, já admite que terá que disputar o governo do Estado contra o senador Osmar Dias, do PDT. Ao mesmo tempo que fala que o PMDB tem candidato, o vice-governador Orlando Pessuti, diz que há lideranças dos dois partidos conversando sobre uma possível composição – que teria, inclusive, a “bênção” de Requião, que não aceita apoiar Osmar, como deseja o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O que era tendência até junho, virou possibilidade nos últimos meses e agora é uma franca realidade. Beto Richa é candidato ao governo. E, sem dúvida, é um dos favoritos do pleito de outubro de 2010.