Não é uma missão fácil encontrar brasileiros inconformados com o elevado índice de popularidade alcançado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou questionando sua gestão. Talvez alguns poucos descontentes nas regiões Sudeste e Sul que não foram capazes de frear a onda petista e impedir a eleição de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto. Lula fechou seus oito anos de mandato com 87% de aprovação, o maior índice de aceitação do mundo.
No ranking dos mais populares, o ex-presidente do Brasil está à frente da ex-presidente chilena Michelle Bachelet, que tinha 84% de aprovação quando deixou o governo, e do ex-mandatário uruguaio Tabaré Vázquez, que atingiu 80% ao final do mandato. Em comparação com líderes mundiais históricos, como o primeiro presidente negro da África do Sul Nelson Mandela (82% de aprovação), o ex-presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt (66%) e o general francês Charles De Gaulle (55%), Lula ocupa a mesma posição de destaque. Os números são da pesquisa encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) junto ao Instituto Sensus e divulgada no fim do mês de dezembro de 2010.
A introdução valida o que tem para ser exposto a seguir. Ficará mais simples entender os motivos que levaram a absoluta maioria da sociedade a conceder tamanho crédito a Lula, a ponto de eleger a candidata apontada por ele para assumir o cargo máximo do Poder Executivo no País. Não cabe aqui questionar a capacidade profissional de Dilma, que, por sinal, nos primeiros dias de governo vem demonstrando muita habilidade para lidar com os desafios inerentes à função. Mas é ponto pacífico que ela era inexperiente em campanhas eleitorais e que se não fosse por honra e obra do “rei da popularidade”, não chamaria tanto a atenção dos eleitores.
Fatores dos mais diversos podem explicar a admiração dos brasileiros por Lula. Porém, a essência está no fato de que a população se enxerga na figura do ex-presidente. Sua história de vida e sua maneira de se portar o aproxima das pessoas. Investido de poder, aquele que um dia foi metalúrgico e líder sindical apostou em programas de transferência de renda para dar qualidade de vida aos mais humildes. Com sua equipe, aqueceu e forneceu bases fortes para a economia do País avançar em passos largos. A prova que os estímulos foram bem recebidos é confirmada pelos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. Foram criados 2,52 milhões de empregos com carteira assinada em todo ano de 2010, o que representa novo recorde histórico.
Não é por acaso que Lula conquistou o seu povo. Nada pode dignificar mais o pai e a mãe de família do que um emprego formal, aquele que garante direitos e proporciona o sustento dos familiares. Para medir a importância desses dados, vale anotar que a série histórica do Caged teve início em 1992 e que, até o momento, a maior criação de empregos formais para um ano fechado havia sido registrada em 2007 – quando foram abertas 1,61 milhão de vagas. No ano passado, pela primeira vez, a criação de empregos com carteira assinada ultrapassou a barreira de 2 milhões.
O maior desafio de Dilma será, sem dúvida, concorrer com números tão positivos do seu antecessor. Não é só o carisma de Lula. Ele deixou um legado difícil de ser igualado.