Na riqueza e na riqueza

Ser político é, definitivamente, um bom negócio. A partir de reportagens como a assinada pela jornalista Catarina Scortecci, correspondente da Gazeta do Povo em Brasília, reproduzida aqui na Tribuna, conseguimos entender os motivos que fazem nossos representantes lutarem tanto para permanecer no poder. Dos 25 deputados federais paranaenses que buscam reeleição, 17 ficaram mais ricos desde a última eleição. Agora vamos ser justos; diga aí um só projeto que tenham feito no mesmo período. Se lembrar, escreve para nós.

Parece brincadeira, mas a realidade é essa mesma. A relação custo-benefício não está nada boa. Vejamos o campeão da evolução patrimonial, ex-ministro da Saúde Ricardo Barros. Ele é marido da atual governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP). Há quatro anos informou ter R$ 1.821.481,39. Agora, quando tenta se manter na Câmara Federal, a soma dos seus bens chegou a R$ 5.529.650,21.

Osmar Serraglio também largou momentaneamente o parlamento pra compor o ministério de Miguel Temer. E seu patrimônio saltou de R$ 5.445.813,05 em 2014 para R$ 7.095.574,12 em 2018. Isso se consideradas as declarações apresentadas à Justiça Eleitoral.

É claro que cada um deles tem, na ponta da língua, boas justificativas pra essa dança dos números. Questões contábeis, heranças, atividades empresariais, etc. Mas eles sempre prosperam mais quando estão com a caneta pública na mão. Coincidência? Pode ser, mas estes são os fatos.

Holerite

Um deputado federal recebe R$ 33.763,00 de salário. Líquido, com os descontos de praxe, algo em torno de R$ 22 mil. São 13 salários desta natureza, mais um inteiro por início de legislatura e outro por fim de legislatura. São R$ 330 mil limpinhos por ano, R$ 1,3 milhões por mandato. São valores que permitem sim uma vida tranquila e relativa evolução patrimonial. Mas não da maneira como acompanhamos.

Nem todos os políticos são empresários ou nasceram em berço de ouro. Mas todos melhoram de vida quando entram na vida pública. E é isso que precisa mudar. O país é que necessita evoluir, permitindo que os cidadãos brasileiros em geral tenham oportunidade de crescer. A regra atual já cansou.

Esclarecimento

O deputado Osmar Serraglio esclarece que sua evolução patrimonial se justifica em função da valorização de um imóvel rural de 4 alqueires, adquirido em 1976. Que só se tornou político mais de 20 anos depois. Que o imóvel ficava a 3 kms da cidade e atualmente se tornou área urbana. A propriedade, agora valorizada, foi negociada com uma imobiliária que a subdividiu em 200 lotes. Que não há dinheiro público neste patrimônio.

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