Comentários em matérias sempre chamam a atenção. Muitos leitores têm, inclusive, o hábito de correr direto pra eles. Seria, talvez, um indicador de relevância. Se tem muita gente comentando, deve ser interessante. Mas e quando o cidadão comenta sem nem ter lido? Pior: tendo lido apenas o título ou as primeira linhas?
Dia desses um leitor nosso desceu a lenha, criticando o fato de uma reportagem que tratava da prisão de um traficante, junto com uma mulher, não trazer o nome dos envolvidos. Insinuava ele que estaríamos preservando identidades e que, se fossem pessoas mais simples, seriam escrachadas na edição.
Tivesse o ativo comentarista percorrido algumas poucas linhas a mais, leria a alcunha do detido. E mais: o conheceria, pois a matéria trazia a foto do dito cujo.
O comentário inicial foi seguido por outros, na mesma linha, até que leitor mais atento entregou a dica e puxou a orelha dos desatentos.
Cornetas
Isso revela algo grave. Qual a qualidade das opiniões que se formam por aí, no dia-a-dia, seja sobre questões supérfluas até as mais importantes? Quantas decisões são tomadas a partir de opiniões furadas, compartilhadas irresponsavelmente, a partir de fontes que não merecem qualquer confiança?
Há pessoas que simplesmente matam no peito aquilo que recebem e chutam pro gol. Meia dúzia de curtidas e compartilhamentos depois, o estrago já está feito. Pouco adianta tentar explicar que o nome do cidadão está logo ali. A versão de que determinado jornal protege traficantes já virou verdade.
A importância de meios de comunicação sérios, independentes e comprometidos com o rigor da apuração jornalística é cada vez maior na nossa sociedade. Que a cada dia fica mais cibernética, online e rasa de informação de qualidade.
Por aqui, continuamos tentando fazer a nossa parte. #tamojunto, galera!