São doze anos de governo. Três períodos, o paranaense que mais comandou o Estado desde a retomada democrática. Roberto Requião, querendo ou não, é um dos políticos mais importantes do Paraná. É um dos nomes mais emblemáticos e controversos do PMDB e, por isso, precisa sempre ser levado em consideração quando se fala em transição, sucessão e eleição. Ele e seu partido são aliados fundamentais para possíveis candidatos – ou mesmo são fortes o suficiente para lançar o próprio candidato.

continua após a publicidade

Faltando um ano para o pleito de 2010, o PMDB já poderia estar cacifando o seu postulante para o Palácio Iguaçu. O nome natural é o do vice-governador Orlando Pessuti, escudeiro de Requião nos últimos oito anos, conhecedor dos problemas do Estado e, certamente, detentor de bons projetos para o Paraná. Só que ele não tem o apoio de todos os correligionários do partido, que se dividem entre os que querem embarcar na campanha do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), os que preferem ajudar o senador Alvaro Dias (também do PSDB) e, até, os que gostariam de seguir com o senador Osmar Dias (PDT). Nem o apoio declarado do próprio governador Pessuti conquistou. Requião finge que não é com ele, dá de ombros, e impede que o vice-governador utilize a estrutura estatal para promover sua ainda pré-candidatura. Há também quem discuta se o caminho é entrar no palanque presidencial do governador José Serra (PSDB), da ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff (PT) ou do deputado federal Ciro Gomes (PSB) – e não se descarta a senadora Marina Silva (PV).

O reflexo disso é uma surpreendente falta de rumo, como constatou a repórter Elizabete Castro na edição de domingo de O Estado: “O maior partido do Estado aposta que será o fiel da balança na disputa do próximo ano e suas principais lideranças “quebram a cabeça’ para decidir em que palanque se encaixar e colher os melhores resultados eleitorais. Enquanto isso, o vice-governador Orlando Pessuti, está se esforçando para consolidar sua candidatura à sucessão de Requião. A definição da posição em relação à disputa nacional pode determinar a escolha estadual entre a candidatura própria ou o apoio aos candidatos dos demais partidos. (…) Pessuti tenta sobreviver entre tantas e tão diferentes opções. De acordo com o vice-governador, atualmente, não há favoritismo de uma alternativa sobre outra. “As mesmas manifestações que tenho visto no partido em relação à candidatura da ministra Dilma, também tenho visto em relação ao Serra, à senadora Marina Silva e agora, ao deputado Ciro Gomes. A minha posição é que devemos avaliar com profundidade e sabedoria esse quadro’, disse o pré-candidato peemedebista. E ele mesmo aponta um quinto caminho: o da candidatura própria”.

Todo este enigma se resolve em uma única pessoa: Roberto Requião. Como se sabe, o que interessa para o governador do Estado é garantir a própria eleição para o Senado no ano que vem. Se possível, ele também quer eleger o sobrinho, João Arruda, deputado federal. Para estes dois objetivos, ele já “limpou a casa”, eliminando possíveis problemas internos e afastando aliados que poderiam incomodá-lo e a seu sobrinho.

continua após a publicidade

Mas falta definir o caminho – que precisa ser o mais interessante e sem “obstáculos” para voltar a Brasília, onde Requião esteve entre 1994 e 2002. E, ao sabor das pesquisas, ele vai se aproximando de determinados candidatos, tanto ao governo quanto à presidência. Até segunda ordem, ele só não apoia Osmar Dias. Mas, se a pressão do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aumentar, ele pode acabar embarcando na nau pedetista.

O problema é que o tempo passa e o partido fica refém de seu líder. Que, como mau líder, não escuta os anseios de seus comandados. E, mais tarde, tomará uma decisão e exigirá de seus correligionários total apoio. Impossível, pois não se impõe vontade própria em uma democracia. Nem mesmo os bolivarianos tão adorados por Requião têm esse poder.

continua após a publicidade