Indecisão ou decisão?

A semana política do Paraná foi marcada pelas conversações entre PMDB e PDT para uma possível união na eleição do ano que vem. Juntar o governador Roberto Requião (PMDB) e o senador Osmar Dias (PDT), que disputaram o último pleito governamental, em 2006, parece ser uma tarefa difícil, mas é o “sonho de consumo” do PT, que espera contar com uma aliança forte no Estado para dar respaldo popular à candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à presidência da República.

Faltou avisar ao vice-governador Orlando Pessuti, pré-candidato do PMDB ao governo estadual e que conta, pelo menos publicamente, com o apoio de Requião. Entretanto, foi o líder do partido na Assembleia Legislativa, deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli, quem conversou com Osmar no início da semana passada. Romanelli não faz nada que não tenha o aval do governador, pode ser considerado o prócer de uma “tropa de choque” do Palácio das Araucárias.

A incursão do parlamentar respingou em todo o partido, como relatou durante a semana, aqui em O Estado, a repórter Elizabete Castro: “O presidente estadual do PMDB, deputado Waldyr Pugliesi, está tendo trabalho para convencer os peemedebistas de todo o Estado que nada mudou no projeto de lançar o vice-governador Orlando Pessuti ao governo nas eleições de 2010. Pugliesi tem sido procurado por vários filiados e lideranças do interior querendo saber para que lado está pendendo o partido. “Não existiu nenhuma conversa oficial. Todo mundo está conversando com todo mundo. E o que tem de concreto no PMDB é que o Pessuti é nosso candidato’, disse Pugliesi, relatando que foi cobrado pelos peemedebistas de várias cidades. “Nós fizemos uma convocação ao partido para trabalhar pela candidatura do Pessuti. Então, eles querem saber o que aconteceu porque tomaram conhecimento pelos jornais’, comentou. (…) O dirigente peemedebista minimiza os efeitos das costuras feitas à margem do partido”. No final da semana, o comando do partido promoveu reuniões para dar força ao vice-governador, que sentiu o golpe e exigiu manifestações mais ostensivas a seu favor. Para os próximos dias, estão programados atos pró-Pessuti em todo o Estado, principalmente em Curitiba.

A impressão que se tem, passado o calor da hora e com as reações surpreendentemente serenas de todos os envolvidos (à exceção de Pessuti), é que o PMDB não está indeciso, como pode se imaginar em primeira análise. Se há algo decidido dentro do partido, ou dentro do grupo que circunda o governador, é que qualquer tese será derrubada em favor de um plano que facilite a eleição de Requião para o Senado em 2010.

Como ele precisa da ajuda do PT, com quem governou os últimos oito anos, o governador terá que partir para uma aliança que ele não gostaria, que é a com Osmar. Da mesma parte, o senador não se interessaria, mas o palanque e o tempo na televisão podem fazer a diferença, já que o PSDB vai lançar candidato próprio, seja o prefeito de Curitiba, Beto Richa, seja o senador Alvaro Dias.

O problema disso é explicar para a sociedade que um partido do tamanho do PMDB, o maior do Estado, está se fragmentando e se dissolvendo em torno de um interesse único, que é o do governador. Como deputados e outros políticos que vão se candidatar vão se justificar do possível “abandono” de Pessuti? Daí as perguntas feitas ao presidente do partido, deputado Waldyr Pugliesi.

Cabe não a ele, mas sim ao principal líder do PMDB paranaense, explicar direito essa história. É o governador Requião quem deve se manifestar claramente em favor de Pessuti – e, caso faça isso, que mantenha a palavra. Caso contrário, que também tenha a hombridade de vir a público admitir que não conta com o vice-governador para a eleição de 2010.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna