Fundo eleitoral é vergonha nacional

Caro leitor, o papo hoje é sério. Como estão suas finanças? E aquela velha indicação de poupar uma fatia dos seus ganhos, ter uma poupança para projetos futuros ou alguma emergência, está sendo cumprida? Pesquisa recente mostrou que apenas 40% dos brasileiros têm algum dinheiro aplicado. Você é um deles? Pois há uma turma no nosso país que tem uma gorda poupança para projetos futuros, sem precisar suar ou dar duro.

Partidos políticos e suas campanhas eleitorais são abastecidos por um caixa bilionário. Isso mesmo! Numa nação com sérias dificuldades, travada por um orçamento deficitário, com limitadíssima capacidade de investimento, aqueles que o povo elege pra defender interesses cidadãos e coletivos têm duas propagandas eleitorais bancadas com o dinheiro deste mesmo caixa, que não consegue suprir as necessidades da população.

Na ponta do lápis

O orçamento federal havia previsto R$ 2,5 bilhões pra este fundão eleitoral em 2020, valor que foi revisado e deve ficar em R$ 1,87 bilhão. Isso se as vergonhosas articulações que estão acontecendo no Congresso não prosperarem.

Os nobres parlamentares chegaram a pleitear um aumento desta verba pra R$ 3,7 bilhões. A grita, obviamente, foi geral. Agora acreditam que conseguem defender um valor menor: R$ 3,2 bilhões. É o acordão em curso na Câmara, onde o texto do projeto foi aprovado. Segue agora pro Senado e, claro, só passa a valer depois de sancionado pelo presidente da República.

Pra se ter uma ideia do acinte que isso representa, o mesmo orçamento federal prevê apenas R$ 19 bilhões pra investimentos em 2020. Ou seja, num país que deve arrecadar R$ 1,6 trilhão, com expectativa de fechar no vermelho em R$ 139 bilhões, que consegue destinar apenas R$ 19 bi pra investimentos, nossos políticos ainda querem abocanhar mais de R$ 3 bi pra custear suas campanhas.

Mau exemplo

Absolutamente inaceitável e imoral que esse tipo de discussão prospere. A ideia de propor financiamento público, com intuito de combater corrupção, é ainda mais danosa. Simplesmente porque o caixa público não tem condições de absorver a sede da classe política. Que, aliás, por outros meios, já sorve recursos coletivos aos montes.

Campanhas políticas devem ser financiadas apenas por seus apoiadores. Determinado político deveria receber valores apenas de quem acredita ou compartilha das suas convicções e apoia seus projetos. Do jeito que a coisa funciona, desde 2017, quando foram proibidas doações de pessoas jurídicas, o seu dinheiro pode financiar até mesmo aquele candidato que você odeia.

Tanto o projeto do orçamento anual, como este absurdo do fundão eleitoral, ainda vão ser analisados no Senado. Que necessárias mudanças de rumo aconteçam. O dinheiro tirado do cidadão de bem não pode ser usado desta maneira.

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