Logo termina o ano, e com ele uma legislatura. Em 2011, uma série de novos políticos entrará nas Assembleias Legislativas, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Alguns exóticos, como os deputados federais Tiririca e Romário, que serão as “estrelas” do novo Congresso nos próximos quatro anos.

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E para que eles e outros tantos entrem, é necessário que outros saiam. O jornal O Globo tratou desta turma que está deixando Brasília: “Há um desânimo entre os derrotados, que resistem em retomar suas atividades. Algumas estrelas da oposição, como os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), derrotados nas eleições de outubro, desapareceram do Congresso nas últimas semanas. Outros buscam um lugar ao sol após passarem anos no Parlamento, caso dos senadores Heráclito Fortes (DEM-PI), Efraim Morais (DEM-PB), Marco Maciel (DEM-PE) e Mão Santa (PMDB-PI), que querem uma mudança na regra para poderem se candidatar a uma das 37 vagas do Brasil no Parlasul. (…) Há ainda o grupo de derrotados que espera ser contemplado na equipe da presidente eleita, Dilma Rousseff, como a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e o senador Hélio Costa (PMDB-MG). O petista Aloizio Mercadante (SP), que perdeu o governo de São Paulo na disputa com o tucano Geraldo Alckmin, foi convidado para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Muitos dos que não foram reeleitos eram figuras atuantes no plenário e nas comissões temáticas. Depois de outubro, a maioria deles agora registra presença e evita ficar circulando pelos corredores da Casa. Luciana Genro (PSOL-RS) é um exemplo. Ela marca presença no plenário e depois vai para o gabinete. Não se animou nem em receber o prêmio do Congresso em Foco como uma das mais atuantes da Legislatura”.

Interessante a vida dos políticos. Trata uma derrota eleitoral como se fosse a pior coisa de todos os tempos. Esquece-se de trabalhar, simplesmente desaparece do lugar onde deveria estar (afinal, se o pleito foi em outubro, ainda havia novembro e dezembro para ir ao Congresso) e ainda reclama se for questionado. Isto quando não usa quase todo o tempo para as lamúrias de quem foi vencido nas urnas – meritória ou não, justificada ou não, a decisão dos eleitores é soberana.

Não podemos esquecer também que há decisões importantes na pauta do Congresso – e a população não quer saber se fulano ou beltrano está decepcionado por ter perdido a eleição e o emprego que tinha há tanto tempo. O que interessa é o bem público, e para isto é obrigação do parlamentar estar em Brasília durante a semana para deliberar sobre os mais variados assuntos.

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O que não pode haver é este clima de fim de festa – ou, como apontam os mais diretos, o “fim de feira”, quando nada mais importa senão o desfecho definitivo. Imagine se um dos funcionários dos nobres deputados e senadores que estão deixando o Congresso parasse de trabalhar da mesma forma que os parlamentares estão fazendo. Uma espécie de “operação padrão”. Seriam sumariamente demitidos, com justíssima causa. Ao contrário dos políticos, que admitem estar, inclusive, em um “aviso prévio” de longa duração.

Mal sabem eles que a população, graças ao maior acesso às informações, sabe de tudo, vê tudo. As mesmas TVs Câmara e Senado que servem para dourar o ego dos deputados e senadores também servem para mostrar quem está e quem não está trabalhando. 2012 está próximo, 2014 também. E tudo que foi feito, e principalmente o que não foi feito, será levado em conta pelos eleitores.

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