Faltas absurdas

O fato é grave e merece atenção. Em levantamento feito pelo site Congresso em Foco, sete deputados federais paranaenses aparecem com mais de cem faltas nas sessões da Câmara durante o período de quatro anos da legislatura que está se encerrando no próximo mês de fevereiro. A média chega quase a 58 faltas por parlamentar do Paraná. São gazeteiros de primeira linhagem que demonstram desconhecer a real importância do cargo que ocupam. Será que desconfiam que são eleitos como representantes do povo? Muito pouco provável que saibam. A única coisa que os congressistas representam é o seu próprio interesse, por isso sentem-se completamente à vontade para dar de ombros às obrigações inerentes ao cargo que ocupam. O mínimo que deveriam fazer é comparecer às sessões.

Não há empregador que sustentaria colaborador tão indolente. Caso atuassem na iniciativa privada, repetindo o comportamento que praticam na Câmara, os deputados federais seriam sumariamente demitidos. E pelo alto salário que recebem, além das regalias inerentes ao cargo, deveriam ter a obrigação moral de serem mais assíduos, já que pouco produzem com vistas ao bem comum. Pena que os eleitores não foram municiados com tais informações dias antes da última eleição. O quadro geral dos faltosos deveria ser de domínio público para orientar o voto dos brasileiros. Como não se demite um parlamentar, o maior e melhor castigo ao descompromisso é a derrota nas urnas.

Entre os campeões em faltas estão Affonso Camargo (PSDB) e Odílio Balbinoti (PMDB), que não compareceram em mais de 120 dias de trabalho, cerca de 30% das 422 sessões realizadas na legislatura. Com 127 faltas, Camargo (PSDB) foi o mais ausente dos deputados paranaenses. Das 127 sessões que ele deixou de registrar presença, em 91 delas apresentou justificativa. Logo atrás de Camargo ficou Balbinoti, com 123 faltas e apenas 43 justificadas. Completam a lista dos que gazearam mais de 100 sessões Alfredo Kaefer (PSDB – 109 faltas), Takayama (PSC – 108 faltas), Cesar Silvestri (PPS -104 faltas), André Vargas (PT – 103 faltas) e Chico da Princesa (PR – 100 faltas). Proporcionalmente, o mais faltoso do Paraná foi André Zacharow (PMDB). Licenciado da Câmara durante a maior parte da legislatura, para exercer o cargo de secretário de representação do Paraná em Brasília, Zacharow só cumpriu seu mandato por um período de 159 sessões e faltou a 49 delas, 30,8% do total. O melhor a fazer é guardar bem esses nomes e não esquecer até o próximo pleito.

O Brasil não tem mais condições de conviver com tamanho desleixo no seio do Poder Legislativo. O País depende de posturas mais sérias e responsáveis dos seus homens públicos e da sua elite para seguir avançando. É vergonhoso para uma nação constatar que dos dez deputados federais que mais acumularam ausências na atual legislatura, quatro não apresentaram nenhum projeto de lei ou proposta de emenda constitucional durante os quatro anos. São eles: Jader Barbalho (PMDB-PA), que renunciou ao mandato em novembro, Ciro Gomes (PSB-CE), Nice Lobão (DEM-MA) e Vadão Gomes (PP-SP). E ainda pior: no caso de Barbalho, afora as ausências e a não apresentação de propostas legislativas, o parlamentar paraense ostenta também o título negativo de não ter comparecido a nenhuma reunião de comissão.

Todos possuem deveres que de maneira alguma podem ser negligenciados. Os deputados têm um compromisso com a população e devem honrá-lo.

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