Com o fechamento das contas referentes ao mês de julho, o agronegócio exportador do País contabilizou um total de vendas de US$ 6,287 bilhões, acusando a queda de 20,7% em relação ao mês anterior. No mesmo período, as importações somaram US$ 795 milhões e também sofreram um baque de quase 30%, mantendo o saldo comercial da agropecuária em US$ 5,491 bilhões no último mês do primeiro semestre. O produto que alcançou maior volume nas vendas externas foi o açúcar, em função da forte demanda mundial.

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Em julho do ano passado, o agronegócio voltado para o mercado externo conquistou uma cifra considerada recorde para períodos de trinta dias, dado que ajuda a compreender o recuo verificado esse ano. Entre agosto de 2008 e julho de 2009, as exportações brasileiras de produtos agrícolas e pecuários somaram US$ 67,824 bilhões, com ligeira baixa (0,4%) sobre o período anterior. As importações cresceram 1,3%, chegando a US$ 10,943 bilhões, contribuindo o campo com um superávit acumulado nos últimos 12 meses de US$ 56,881 bilhões.

Além do prolongamento da demanda global por produtos agrícolas, os bons preços do mercado internacional e a quebra de safra de importantes fornecedores como a Índia, contribuíram para o fortalecimento dos embarques de açúcar para o exterior. Em julho, as exportações desse produto atingiram US$ 761 milhões, com um salto de 35% sobre julho do ano passado. Em termos físicos, o volume embarcado aumentou 13,1% na comparação com os números registrados há um ano. Em relação às vendas de álcool para o mercado externo, deu-se o recuo bastante elevado de 37,7% no confronto com igual período do ano passado, diminuindo o volume físico do combustível embarcado em 18,3%.

Também há grande preocupação no setor de exportações de carne suína, cujas vendas externas em julho tiveram uma queda de 14,28% em comparação com o mesmo mês em 2008. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) foram embarcadas apenas 48,1 mil toneladas, que em valores financeiros sofreram a vertiginosa queda de 40,5% em relação a julho do ano passado, faturando apenas US$ 100,5 milhões.

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A causa principal da queda de vendas desse produto específico para o mercado externo é a valorização do real frente à moeda norte-americana, de acordo com o informe distribuído por Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs: “Mesmo com os baixos preços praticados no mercado interno, as exportações perdem competitividade com a atual relação cambial”. Mesmo com a intensa preocupação da população com a gripe A (H1N1), popularmente conhecida como “gripe suína”, não houve impacto negativo sobre o comportamento das exportações, que sofreram muito mais com a desvalorização do dólar. “Nada de gripe. A doença é o câmbio mesmo”, desabafou Camargo Neto.

Por outro lado, executivos ligados ao setor da produção de carne bovina estão percebendo os primeiros indícios de que a crise está chegando ao fim, depois de 12 meses rotulados como os piores da década. Nesse período, sete grandes frigoríficos entraram com pedidos de recuperação judicial. Com a explosão da crise global em setembro do ano passado, as condições gerais de acesso ao crédito chegaram a seu ponto culminante, ao passo que a diminuição da oferta de gado gerava capacidade ociosa nas unidades de abate, elevando os preços e pressionando as margens industriais. Como reflexo da crise também despencaram as exportações de carne bovina e as empresas tiveram forte retração nas atividades, arcando com o peso da depreciação do real frente ao dólar norte-americano entre setembro de 2008 e março do corrente.

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A recuperação das exportações será lenta e gradual, mas os analistas concordam que o pior já passou e tudo voltará ao normal na medida em que forem sanados os riscos da liquidez e do ambiente de negócios.