Estacionado no tubo do tempo

De modelo, o transporte público de Curitiba evoluiu pra um sistema que não agrada qualquer das partes envolvidas. Pode isso? Os anos se passaram e, atualmente, nenhuma cidade mais ousa estudar Curitiba pra definir o que fazer pra transportar mais e melhor as pessoas. A atual administração municipal prometeu, em período eleitoral, solução. Mas até agora nada.

O usuário é o primeiro a reclamar. E com razão. Anda em ônibus defasados, muitos deles velhos mesmo. Que não conseguem desempenhar velocidade média e invariavelmente quebram pelo caminho. Pessoas que sofrem com horários e itinerários furados. E pagam um valor não condizente por tudo isso.

As empresas contratadas para prestar o serviço também vivem na bronca. Juram que o valor acordado não é suficiente pra bancar o sistema. E mais: bradam aos quatro cantos que a cifra ajustada contratualmente não é honrada como deveria.

O resultado dessa insatisfação desemboca na justiça, com ações que prejudicam ainda mais a qualidade daquilo que é oferecido ao povão. Uma dessas demandas judiciais impede que a frota seja renovada, fruto de uma liminar que beneficia as empresas concessionárias.

O poder público completa a trupe dos insatisfeitos. O prefeito sabe que transporte de massa, junto com segurança, lidera a não tão complexa lista de prioridades dos cidadãos curitibanos. E, claro, tem noção do quanto os problemas na área afetam a sua aprovação popular.

Ruim pra todos

Como resolver, se quem paga acha o serviço caro e ruim? E se quem presta diz que com o que recebe não consegue melhorar?

No início do ano a prefeitura alterou a tarifa técnica e majorou com sobra o valor que pesa no bolso do usuário. Atualmente, por cada passageiro transportado as empresas recebem R$ 3,79. Já o valor depositado pra passar na catraca é R$ 4,25. A diferença, esperava-se, seria usada pra bancar a compra de novos ônibus. Não é o que vem acontecendo.

As empresas são a favor da renovação, pois sabem que carro velho, além de não gerar conforto aos passageiros, gera alto custo de manutenção e combustível. Mas sem equilíbrio financeiro, alegam que comprar ônibus novo é impossível.

Além de matemática, a questão é política. É preciso que as duas dimensões se cruzem por aí.

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