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“Eu moro aqui há 30 anos e isso nunca aconteceu”. Frases como essa foram ouvidas não só pelos nossos repórteres, mas por todos que acompanharam os dramas de pessoas afetadas pelas chuvas na semana que passou. Muita gente perdeu tudo. E nessa hora, só o que resta é gritar. Contra tudo e todos. Mas será que a análise de um desastre natural como esse é tão simples assim?

O maior problema, claramente, é quando vidas se perdem em situações como essa. E aí já começam os déficits de planejamento. Não temos um bom sistema de alerta contra tragédias da natureza. Pois ninguém pode evitar um temporal ou regular a quantidade de água que vai cair. Missão do poder público, instituir isso e treinar a população.

Há que se planejar, também, regras para novas ocupações territoriais. Permitir a instalação de moradias em localidades de risco é concordar com a calamidade futura. As irregularidades já existentes precisam ser tratadas. Mas não adianta simplesmente varrer famílias. Há que se desenvolver um plano de realocação, possível, a fim de melhorar a vida das pessoas. Que precisam entender e concordar com a mudança.

Cada um

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E os cidadãos? Cabe a eles parte importantíssima da missão. Quantas pessoas você conhece que substituíram a grama do jardim por um piso cerâmico? Isso elimina a necessidade de contratar um jardineiro todo mês, mas também altera a permeabilidade do solo. Onde antes existia terra pra absorver a água, passa a existir um piso que canaliza a chuva pra rede de coleta pluvial. Que a cada dia suporta menos ações como essa.

Lixo no bueiro? Sofá no leito do riacho? Garrafas pet em bocas de lobo? Quem nunca viu? Alguém jogou lá. Chove e a água sobe. O que fazer? Dizer que a culpa é toda da prefeitura? Não se pode agir assim.

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O conjunto de soluções passa por todos nós. Claro que o poder público tem sua parcela de culpa e pode, sim, caprichar mais naquilo que põe em prática pra combater a fúria da natureza. Mas não esqueçamos daquilo que está ao nosso alcance. Rodo no problema!