Você está feliz com o preço dos combustíveis? Com certeza não. Há poucos assuntos em que a unanimidade seja tão fácil de se formar. E, neste caso, ela não é burra. O Brasil é o décimo maior produtor e refinador de petróleo do mundo, mas tem a segunda gasolina mais cara do planeta. Perdemos apenas pra Noruega. E o vilão é bem conhecido.
Como em tudo neste país, a carga tributária aparece como grande vilã. Dos R$ 4,10 que se paga por cada litro de gasolina que entra no tanque do carro, praticamente metade são relativos a impostos. Quase 30% no caso do etanol e do diesel. Pra comparar, nos Estados Unidos a carga tributária sobre os combustíveis gira em torno de 20%.
Estradas
Aliás, o diesel é a situação mais crítica. Há alguns anos ele custava menos que nosso combustível vindo da cana-de-açúcar. Mas isso ficou no passado. Hoje ele anda colado na gasolina. Em média, custando 50 centavos menos. Muito pouco. Muito caro.
Devemos lembrar que a maioria de tudo o que se produz no Brasil se movimenta estrada afora com a energia do diesel, em imensas carretas, puxadas por milhares de caminhões. A situação é tão séria que há trechos em que o frete não está sendo suficiente para cobrir os custos da viagem.
Justamente por isso, caminhoneiros autônomos do país ameaçam cruzar os braços a partir de hoje. O objetivo é chamar a atenção pra a alta carga tributária. O pedido inicial é radical. Querem a eliminação total dos impostos que incidem sobre o diesel. O governo se diz sensibilizado, mas de prático não fez nada até agora. A entidade que organiza o protesto reúne cerca de 600 mil caminhoneiros autônomos, de um total de cerca de 1 milhão de motoristas no Brasil.
Aqui no Paraná o Sindicombustíveis acompanha o problema e se mostra totalmente contrário à sequência de aumentos imposta pela Petrobras nas refinarias. Segundo o levantamento feito, gasolina e diesel já subiram 57% desde julho do ano passado, quando passou a vigorar a nova política de preços da estatal.
É preciso lembrar que combustível caro atravanca a economia, trava o consumo. É muito bom pensar na recuperação da Petrobras, multinacional que foi dilapidada por interesses políticos criminosos. Mas a economia do país precisa andar mais rápido. Sobre rodas ou não.