É Beto contra Osmar

Dois dias depois da divulgação da pesquisa do instituto Datafolha para a presidência da República, o jornal Folha de S. Paulo apresentou números de pesquisas de intenção de voto para o governo dos principais estados da Federação. O Paraná também foi incluído, e apresentou equilíbrio entre os dois principais candidatos – na simulação mais importante, o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), ficou com 41% das intenções de voto, enquanto o senador Osmar Dias (PDT), ficou com 38%. Uma situação de empate técnico, portanto.

As reações de ambos foram destaque da edição de quinta-feira de O Estado, na reportagem de Elizabete Castro: “O senador Osmar Dias afirmou que os números do Datafolha confirmam sondagens de outros institutos que não chegaram a ser divulgadas. “Eu mantenho a minha postura de não fazer avaliações. Os resultados não são para lamentar ou comemorar. Mas estou feliz porque estamos trabalhando dentro do nosso ritmo. Não sou obrigado a fazer a estratégias dos outros, fazendo alianças prematuras. Eu me dediquei a discutir as propostas de governo e as nossas ideias. Acho que está dando certo. Estou confiante e fechando o ano bem’, comentou. (…) O prefeito Beto Richa demonstrou-se satisfeito com os números divulgados pelo Datafolha. “Recebo este resultado com muita tranquilidade e humildade. Não tenho nenhuma obsessão por cargos. O que me deixa mais feliz é perceber que há um reconhecimento ao bom trabalho que estamos fazendo na administração de Curitiba’, disse Richa”.

Os dois, prefeito e senador, sabem que a disputa está praticamente definida. Só uma grande reviravolta altera o cenário disposto na principal simulação do Datafolha: Beto liderando a coligação entre PSDB, DEM e PPS, sendo o palanque do candidato tucano à presidência, o governador de São Paulo, José Serra; e Osmar saindo com o PDT e tendo ao seu lado PT, PR e PP, servindo de palanque para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata petista ao Palácio do Planalto.

A ideia, que ainda foi ventilada durante a semana, de união entre Beto Richa e Osmar Dias, é cada vez mais distante, porque não consegue acomodar todos os planos – desde os pré-candidatos até os seus assessores diretos. Seria preciso contar com um desprendimento absurdo de um dos postulantes ao Palácio das Araucárias, o que é bastante difícil de acontecer. E, convenhamos, Beto e Osmar têm todo o direito de se candidatarem.

Outro fato que se esvaziou foi o interesse do senador Alvaro Dias (PSDB) em se manter na briga. Ele ficou para trás nas simulações em que o Datafolha o colocou, e deverá abrir mão da candidatura em nome do irmão Osmar.

]Com a principal disputa da eleição de 3 de outubro de 2010 definida, fica a expectativa para a posição do PMDB – quer dizer, do governador Roberto Requião. O vice-governador Orlando Pessuti patinou nos números do Datafolha, e corre o risco de encarar uma debandada de seus correligionários. E como está muito claro, o governador quer saber de sua eleição para o Senado, e de como será mais fácil atingir este objetivo. O fato de estar em beligerância com Osmar e Beto não o impedirá de tentar acordos, principalmente com o PSDB.

E qual será o impacto deste possível apoio? É difícil precisar, pois se a população das grandes cidades sabe dos desatinos de Requião, nos grotões ele ainda é muito popular – tanto que se reelegeu em 2006 com a força dos pequenos municípios. Há também a capilaridade do PMDB, que está bem estruturado em todo o Estado. Será neste balanço, entre boas e más influências, que se decidirá o destino peemedebista – e, a rigor, o rumo da eleição para governador do Paraná.