Curiosas as manchetes sobre sindicatos e centrais sindicais nos últimos dias, após a entrada em vigor da reforma trabalhista. Demissões, venda de ativos, planos de demissão voluntária e greve sempre foram ações combatidas por eles. Mas agora isso tem acontecido dentro das entidades. A realidade é dura e, quando bate à porta, cria novos paradigmas.
A perda de arrecadação é certa pra maioria, com o fim da contribuição sindical obrigatória. Sentirão menos aquelas organizações que verdadeiramente oferecem bons benefícios aos seus integrantes. Difícil crer que um cidadão que usufrui da sede de campo nas férias, da farmácia subsidiada ao longo de todo o ano, das assessorias jurídicas e de consultas médicas a preço mais que popular, pense em parar de contribuir. Esse tipo de sindicato vai continuar representativo.
Mas, pra quem oferece quase nada, falar em PDV é pouco. Alguns não vão reunir energia financeira pra parar de pé. Sem contar os sindicatos nos quais o dinheiro arrecadado, além de não gerar qualquer benefício aos integrantes da categoria, serve unicamente pra bancar mordomias a dirigentes.
Não é preciso procurar muito pra achar presidente de entidade sindical desfilando de carro zero, muitas vezes importado. Nos caixas, notas de comprovação de serviços frios.
Números
Segundo o Dieese, a estrutura sindical brasileira reúne cerca de 300 mil trabalhadores. São 115 mil funcionários diretos. Os demais, acredite, terceirizados. Isso mesmo! O estudo mostra que, até o fim do ano que vem, um terço dessa massa total perderá o emprego. E aqueles que tanto empunharam cartazes em greves contra empresas privadas, agora desfraldam bandeiras contra seus próprios sindicatos.
Uma nova ordem, com certeza. Que vai obrigar as entidades que representam categorias profissionais a efetivamente serem úteis. Algumas são. A partir de agora a regra é simples. Quer o dinheiro do trabalhador? Seja relevante pra vida dele. Negocie boas convenções coletivas e ofereça contrapartidas equivalentes ao que pretende cobrar.
Ainda dá pra evoluir. Mas já é um começo.