A última pesquisa Datafolha para medir as intenções de voto aos pré-candidatos à presidência da República, em 2010, reforça a intenção confirmada pelo deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) de encarar o desafio. A confiança vem dos 15% obtidos numa amostragem de 4,1 mil eleitores entrevistados em 171 municípios, entre os dias 11 e 13 desse mês. Ciro está tecnicamente empatado com a ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, que tem 16%, aparecendo em seguida a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL) com 12%.

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A liderança absoluta ainda está nas mãos do governador paulista José Serra (PSDB), que recebeu indicações de 37% dos eleitores na resposta estimulada, em confronto hipotético com Dilma, Ciro e Heloísa. No cenário que incluiu o nome da senadora Marina Silva (PT-AC), Serra perdeu um ponto percentual baixando para 36%, ao passo que a ex-ministra do Meio Ambiente foi indicada por 3% dos eleitores, na primeira vez que aparece relacionada entre os prováveis candidatos a presidente. Se o candidato tucano fosse o governador mineiro Aécio Neves, Ciro ganharia com 23%, Dilma teria 19%, Heloísa Helena 17% e Aécio seria o último colocado com 16%, logicamente se a eleição tivesse ocorrido na semana passada.

Disputando com Aécio, Dilma e Marina (esta teria os mesmos três pontos percentuais), Ciro obteria 21% dos votos, Dilma 19%, Heloísa Helena 17% e Aécio Neves 15%. A outra constatação possível (além da convicção de Ciro em seu potencial eleitoral) é que o governador de Minas Gerais não consegue desempenho convincente em nenhum dos cenários submetidos aos eleitores pelo Datafolha. Nas respostas estimuladas em que seu nome aparece, o neto de Tancredo Neves perde para Heloísa Helena, embora com a diferença mínima de um e dois pontos percentuais, respectivamente. Na verdade, a situação indica um empate técnico entre ambos, vez que a margem de erro admitida é de dois pontos para mais ou para menos.

Caso a disputa reunisse apenas Aécio, Dilma e Heloísa haveria empate técnico em 24% entre as pré-candidatas do PSOL e do PT e o governador mineiro viria em segundo com 20%. Pior ainda seria uma disputa direta com o governador José Serra, que obteria 32% dos votos sendo Aécio preterido para o último lugar com 10%, tendo à frente Dilma com 16%, Ciro com 14% e Heloísa Helena com 12%.

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Enquanto Ciro Gomes vai dando tratos à bola para agregar as inúmeras condicionantes para beneficiar-se de uma campanha consistente à presidência da República, a essa altura os principais operadores políticos do governador das Alterosas deverão estar desacoroçoados diante da sofrível perspectiva eleitoral do midiático homem público que não perde uma chance oferecida pelos holofotes, embora não tenha conseguido transformar em votos essa contínua exposição.

Há quem defenda a tese e, nesse caso com inteira razão, que a insistência desmedida dos políticos em se expor acaba causando um desgaste altamente prejudicial à sua imagem. Talvez seja essa a sensação vivida hoje pelo governador Aécio Neves, que apesar de sua reconhecida liderança entre os tucanos, não conseguiu ofuscar a aura do outro midiático, o governador José Serra, a ponto de firmar-se como a alternativa mais indicada para assegurar o retorno ao poder depois dos oito anos de Luiz Inácio Lula da Silva no Planalto.

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O mesmo raciocínio parece explicar o desempenho da pré-candidata da aliança governista, a ministra Dilma Roussef, cuja exposição superlativa na mídia não tem revertido em ganhos significativos no potencial eleitoral. É certo que a diferença de Serra para Dilma caiu de 35 pontos percentuais em março do ano passado para os 21 atuais, mesmo que alguns analistas arrisquem um palpite na virtual estabilização de sua pré-candidatura. Talvez tenha sido essa a leitura de Ciro Gomes, a quem Lula havia sugerido a transferência do domicílio eleitoral para São Paulo a fim de disputar o governo estadual. Aí o desastre seria inevitável, pois o Datafolha aferiu que Geraldo Alckmin (PSDB) deixaria para trás Ciro, Marta, Maluf ou Soninha. O plebiscito de Lula parece uma espada de dois gumes.