Uma das grandes virtudes da democracia é a liberdade de pensamento de todos os cidadãos. Ninguém é obrigado a seguir as ideias de um líder, de um “formador de opinião” ou de quem quer que seja. Somos autônomos, temos o direito de opinar da forma que acharmos melhor em todas as situações que exijam um posicionamento.
Ao mesmo tempo, a política só é feita com unidade de pensamentos. Os partidos surgiram para aglutinar quem tem ideias semelhantes, e que buscam os mesmos fins para os problemas da sociedade. Daí o conceito de “fidelidade partidária” que é sempre expressado quando há problemas de relacionamento dentro das siglas.
Nesta semana, dois exemplos mostraram o quão difícil é a unidade de um partido – e, ao mesmo tempo, mostraram como é bom poder se expressar sem o medo de ser censurado. Primeiro, no traumático arquivamento de todos os pedidos de processo contra o senador José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado Federal, pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da casa. Os dois principais partidos em número de parlamentares, PT e PMDB, racharam por conta da decisão.
Na quarta-feira, em Curitiba, também tivemos um momento de distanciamento entre figurões do mesmo partido. A repórter Elizabete Castro contou em O Estado: “A polêmica em torno da permissão para a abertura de áreas reservadas a fumantes acentuou as divisões na bancada governista, mas principalmente rachou a bancada do PMDB. Deputados peemedebistas apresentaram emendas e outros assinaram em apoio, ignorando a recomendação, por escrito, do presidente estadual do PMDB e líder da bancada, Waldyr Pugliesi, para que todos votassem contra as mudanças no texto elaborado na CCJ e que entrou em votação”.
Tanto o caso Sarney quanto o projeto que veta o cigarro em ambientes fechados tem uma característica importante: eles transcendem os partidos, e permitem que as opiniões pessoais sejam externadas. Nas duas situações o fato é extremamente positivo, pois dá ao eleitor a visão clara de quem apoia e quem é contra assuntos tão polêmicos.
