Parece o roteiro de uma telenovela. A cada mês do ano, um time do futebol paranaense entra em crise. O “time da hora” é o Coritiba, que depois de seis partidas sem vencer, vive o tormento das críticas e da pressão sobre a diretoria e o treinador René Simões. Este, idolatrado por parte da torcida, não consegue ser mais a unanimidade de outrora. Mas continua sendo o protagonista da caminhada alviverde.
René é um heroi para os coxas-brancas. Afinal, foi o técnico que levou o time ao título do campeonato brasileiro da segunda divisão em 2007, tirando o clube de um buraco que parecia sem fim. Voltou nos braços do povo há alguns meses, estreando com estilo ao vencer o Atlético em pleno estádio Joaquim Américo (em partida válida pelo campeonato paranaense), mas agora sofrendo as críticas por falta de padrão tático da equipe nos últimos jogos.
Pelo apoio da torcida e pelo seu estilo, conversador e frasista, René Simões tomou à frente do Coritiba nas semanas de maus resultados. Quando o Coxa perdeu para o Santos, quarta-feira, em Cascavel, somente ele e o diretor remunerado Felipe Ximenes foram falar com os jornalistas. E foram dele as palavras mais fortes, assumindo a responsabilidade e prometendo reação, se possível a partir do jogo de hoje contra o Cruzeiro, no estádio Couto Pereira, em Curitiba.
Para quem olha de longe, é a ditadura de um homem só. Sim, pois é René quem fala, ele quem orienta, ele que se coloca como ponte entre o clube e a mídia, entre o clube e os torcedores. Passa-se a impressão que ele é mais importante do que os dirigentes do Coritiba, do que o presidente ou aqueles que cuidam do departamento de futebol.
Ao mesmo tempo, René virou o “inocente útil” para alguns “cartolas”. Afinal, quando a equipe perde, nenhum diretor do Coxa se apresenta para falar, colocando o treinador em primeiro plano – e apostando no carisma dele para segurar a pressão. De heroi, Simões pode se tornar o bode expiatório de um clube que prometeu muito para o ano de seu centenário, mas que até agora não cumpriu quase nada.
