Compromissos assumidos

“Na cerimônia de diplomação dos eleitos promovida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), o governador eleito, Beto Richa (PSDB) prometeu “marcar época’ com o seu mandato e recuperar secretarias que ele considera que foram deterioradas nos últimos anos. (…) Beto reforçou que pretende fazer uma auditoria nas contas públicas, que sua equipe de transição tem números diferentes dos apresentados pelo atual governo. “Vamos primeiro colocar a casa em ordem, precisávamos de números que nem acesso nós tivemos. Mas vamos cumprir os compromissos de campanha, recuperar as finanças e aumentar a capacidade de investimento do Estado’, declarou o governador eleito. A meta inicial anunciada por Beto é de reduzir os gastos em 15%, o que poderia gerar uma economia de R$ 480 milhões em um ano”.

A matéria é da repórter Luciana Cristo, destaque em O Estado. Trata de um evento meramente formal, a diplomação de todos os candidatos eleitos no Paraná em 3 de outubro. Tem a vantagem de reunir os políticos em uma situação mais “tranquila”, em que altercações são prudentemente evitadas. É a chance, inclusive, de quebrar o gelo depois da ferrenha disputa eleitoral. Com plateia, é certo que uns serão mais aplaudidos e outros vaiados, mas é do jogo. Foi assim em São Paulo, quando os deputados federais Paulo Maluf e Tiririca dividiram as atenções.

No Paraná, foi possível tirar um algo a mais da diplomação dos eleitos. Foi mais uma declaração forte do governador eleito Beto Richa. Ele repetiu o que disse desde a campanha eleitoral, mantendo os compromissos assumidos e sustentando a necessidade de um ajuste nas contas do Estado antes de pensar nos planos mais ousados de seu governo – e até para que eles realmente saiam do papel.

Falar em redução de gastos é quase proibido hoje na política brasileira. Os governantes, muito no embalo do sucesso popular do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sempre admitem tratar do aumento da máquina pública, e não de sua redução. O resultado é que o governo federal está muito grande, e sua sanha de crescimento será contida nos primeiros meses do governo de Dilma Rousseff, como já anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O que muitos, com os olhos cerrados pelas vendas ideológicas, não conseguem enxergar é que a eficiência da administração pública não está no seu gigantismo, e sim em sua eficiência. Se um governo conseguir ter tentáculos em todos os lados e mesmo assim seguir eficiente, ótimo. Mas dificilmente é assim – e o exemplo é, de novo, o governo federal, que cresceu constantemente nos últimos oito anos e não melhorou em nada seus serviços de educação, saúde, transporte e segurança.

Para ter dinheiro para investir em novos projetos e para melhorar o que já existe, Beto Richa sabe que terá que pisar no freio pelo menos nos primeiros meses de administração no Palácio Iguaçu. Não é fácil admitir isto, mas não fazê-lo é ainda pior. E o governador eleito tem total noção da necessidade de arrumar as contas públicas.

E quem contesta pode olhar-se no espelho. Somos iguais a um governo quando se trata de dinheiro. Se entramos em dívidas diversas, uma hora ou outra seremos chamados para resolver o assunto – ou perderemos algum bem. Não podemos gastar mais do que temos, pois isto significa ter menos para gastar no mês seguinte. Terá que ser assim no Paraná. E o melhor é economizar agora, para que tenhamos dinheiro para investir nos próximos anos.

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