Cobranças dos sem terra

Na última terça-feira, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou uma caminhada em Curitiba para pedir agilidade nas medidas da reforma agrária. Seus pedidos foram resumidos na matéria da repórter Cíntia Vegas, na edição de quarta-feira de O Estado: “Os trabalhadores reivindicam que R$ 800 milhões do orçamento do Incra sejam descontingenciados pelo Ministério do Planejamento e aplicados na desapropriação e obtenção de terras, bem como nos assentamentos. (…) No Paraná, o MST reivindica o assentamento de cinco mil famílias, além de investimentos em assistência técnica nos assentamentos. O movimento pede crédito habitação, destitulação de 56 áreas de assentamentos tituladas em todo o Estado e criação de um programa de agroindústria para beneficiamento da produção da reforma agrária”.

Não é possível acreditar que haja alguém que não se comova com o drama daqueles que vivam da agricultura e não tenham a terra para trabalhar. É dever do poder público promover uma reforma agrária digna e ampla, e é dever da sociedade cobrar os governantes para que esta atitude seja tomada.

Mas mesmo os mais resistentes defensores da reforma não conseguem admitir as atitudes do MST. Entrevistado pela repórter de O Estado, o líder do movimento no Paraná, José Damasceno, resumiu assim os propósitos do grupo: “Queremos um programa massivo e popular de reforma agrária”. Em vez de buscar o apoio amplo da sociedade, o Movimento dos Sem Terra prega a insurreição como meio e a desordem como método.

Não se sabe se falta jogo político ao grupo ou se é um deliberado interesse em tumultuar. E é óbvio que, desta forma destemperada e inábil, eles pouco conseguirão. Passou o tempo em que havia luta de classes. Os problemas dos sem terra são, em escala diferente, os mesmos das classes baixas das grandes cidades, ou mesmo da tão criticada classe média. E, repetindo, não se sabe se eles desconhecem isto ou se eles fazem mesmo de caso pensado.

Reivindicar é um direito do MST. Tumultuar o ambiente e prejudicar o todo, não.

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