Na edição de quarta de O Estado, a repórter Elizabete Castro relatou a reação do governador Roberto Requião ante a necessidade de um corte de gastos do Estado: “Requião disse que os repasses de recursos pelo governo federal registraram queda neste primeiro semestre e que será necessário reduzir custos. “Vivemos uma crise global que não é pequena. Estamos saindo dela, e não estamos mal. Mas temos que diminuir gastos de custeio e manter a continuidade das obras. Não vamos fazer obras que comprometam a estabilidade econômica do Estado, mas estamos nos planejando e vamos prosseguir com obras fundamentais’, disse o governador”.

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Interessante. Até há pouco tempo, o político sequer admitia a existência de uma crise financeira internacional. Tanto que criou um seminário em Foz do Iguaçu que serviu somente para criticar o capitalismo e apresentar propostas inexequíveis.

Se a atitude era apenas para agradar a plateia, e não representava o real pensamento do governador, era somente um ato populista, para manter as aparências neo-esquerdistas e bolivarianas. Mas se Requião realmente não imaginava que a crise seria tão grave, pode estar aí o motivo para a decisão extemporânea de cortar gastos.

Sim, porque todos os governos estaduais e o governo federal decidiram cortar gastos no final do ano passado, quando se percebeu que o vendaval que começara nas empresas dos Estados Unidos iria se espalhar definitivamente por todo o planeta. Daí, muitos governantes optaram por pisar no freio e segurar os gastos por algum tempo. Foi isso que fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e somente agora a União voltou a investir com mais força.

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Aqui, fez-se o contrário. Os gastos (alguns desnecessários) continuaram, e no momento em que a economia se recupera o Paraná terá que acertar as contas. Tudo para que as obras consideradas essenciais continuem, e que a população não sofra mais do que já está sofrendo. Interessante é pensar que o governador, obcecado em ser eleito senador no ano que vem, pode se complicar justamente em um momento-chave da campanha.