Quando se imaginava que o processo sucessório do Paraná estava definido, o final de semana trouxe surpresas. Primeiro, a possibilidade de o governador Roberto Requião (PMDB) abdicar de uma possível vitória na eleição para o Senado Federal para ser um “puxador de votos” no pleito do ano que vem, saindo candidato a deputado federal. Depois foi a posição de defesa de uma candidatura única das oposições pelo presidente estadual do Democratas, deputado federal Abelardo Lupion.

continua após a publicidade

A chance de Requião desistir da eleição majoritária e apostar na proporcional é bastante remota. O governador do Estado é muito vaidoso para fazer tal sacrifício. É certo que, saindo candidato a deputado, ele teria condições de atingir uma votação histórica, talvez a maior que um deputado teve na política paranaense. E, com isso, ele faria com que o PMDB tivesse uma chapa reforçada, elegendo mais candidatos e formando uma base importante para os próximos quatro anos.

Ele preferirá fazer a luta dele, para a qual depende apenas dos próprios esforços – e os de todos os funcionários de seu governo, hoje simples “assessores informais” de uma candidatura ao Senado. Disputa na qual ele também é favorito, como apontam todas as pesquisas de opinião. Por isso, Requião não deve largar seu plano, que é o de garantir oito anos de tranquilidade em Brasília, além, é claro, de garantir o “primeiro-sobrinho” João Arruda na Assembleia Legislativa do Paraná.

A luta de Abelardo Lupion é mais plausível. A repórter Elizabete Castro tratou do assunto na edição de domingo de O Estado: “O presidente estadual do DEM, deputado federal Abelardo Lupion, teve acesso às projeções do diretório nacional do PSDB e se animou. Se o grupo se mantiver unido, o pré-candidato do PSDB à presidência da República, provavelmente o governador paulista José Serra, terá uma vantagem no Paraná estimada em dois milhões de votos sobre a adversária, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Se o senador Osmar Dias (PDT) e o prefeito de Curitiba, Beto Richa, tornarem-se adversários, a vantagem baixa para 500 mil votos e já começa a apresentar riscos para o candidato tucano à sucessão de Lula, apontou Lupion. (…) Lupion assegura que, até o último momento, ou seja, até a convenção do DEM, em junho, tentará defender a chamada “grande aliança’, com o senador pedetista disputando o governo. Mas sabe que o poder de decisão está com o PSDB. “As cartas estão com o PSDB. Só o PSDB pode jogar o Osmar nos braços do PT’, afirmou o dirigente do DEM. Para ele, se Osmar está se aproximando do PT é por culpa exclusiva do PSDB do Paraná”.

continua após a publicidade

O deputado do DEM tem razão. A manutenção da grande aliança – que quase elegeu Osmar Dias em 2006 e levou Beto Richa a uma consagradora reeleição em 2008 – é um grande passo para uma vitória expressiva de José Serra no Paraná, o que é muito importante para o PSDB. E para seus aliados do PPS e DEM, que estarão ao lado dos tucanos na eleição presidencial. Resta saber se todos os agentes desta aliança estarão interessados na cessão de espaços.

Sim, porque para montar uma única chapa é preciso ceder. Um candidato a governador e pelo menos dois candidatos a senador terão que desistir da eleição em nome de um projeto maior. Osmar Dias ou Beto Richa? Quem vai abrir mão? Abelardo Lupion, Gustavo Fruet, Alfredo Kaefer, Ricardo Barros, Rubens Bueno – destes, só dois poderão disputar o pleito caso se confirme a grande aliança.

continua após a publicidade

Neste momento, o mais difícil desta união é justamente unir todo mundo. Os objetivos são semelhantes, e naturalmente há pessoas desejosas em chegar mais longe, em vencer a eleição. E será muito complicado reunir tantos políticos de nome e no auge da carreira em uma mesma chapa.