Não é a primeira vez que se escreve neste espaço que vivemos uma profunda crise de credibilidade no Parlamento. O Senado Federal, mais alta câmara da Nação, está em plena degradação diante dos olhos incrédulos do povo brasileiro, sem que os nossos representantes consigam fazer alguma coisa (isto aqueles que querem mudar, que parecem infelizmente ser a minoria).
A triste situação do Senado faz com que a sociedade se mobilize. Sábado passado, foram os estudantes, como contou na edição de domingo de O Estado o repórter Leonardo Coleto: “Protestos ontem, na Rua XV, centro de Curitiba, mostram a indignação de universitários com a permanência de José Sarney, em seu cargo. Com faixas, apitos e narizes de palhaço, o grupo protestou até a Praça Osório, onde permaneceu panfletando. Segundo o líder da manifestação, Fernando de Jesus, as declarações de Sarney motivaram o protesto. “É incrível ouvir o Sarney falar que é vítima da imprensa. Isso é vergonhoso, tudo isso está acontecendo contra ele por causa da sua corrupta atuação do governo. O Sarney não é digno de liderar o Senado brasileiro’, diz o estudante, aluno de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)”.
A reação é natural. Mas não podemos fugir das saídas democráticas. Há quem sugira, como se acompanhou nas últimas semanas, uma reforma política que crie um sistema legislativo unicameral – quer dizer, a existência de apenas um parlamento. Outros são mais diretos, e chegam a falar em fechamento do Senado, como se o empastelamento das instituições resolvesse alguma coisa.
É verdade que há pouco o que esperar de uma casa que conta, como dois de seus próceres, com Fernando Collor de Mello e Renan Calheiros. Mesmo assim, é o nosso Senado, fomos nós, eleitores brasileiros, quem escolhemos estes políticos para ir à Câmara Alta. Cabe, portanto, a todos
nós tentar corrigir os erros das eleições passadas.
E quem sabe a intensa série de denúncias que Câmara dos Deputados e Senado Federal viveram nesta última legislatura possa servir para que abramos nossos olhos e consigamos escolher pessoas melhores para nos representar nos próximos anos.
