Os últimos dias foram de conversas surpreendentes. Algumas inimagináveis. A repórter Elizabete Castro, na edição de ontem de O Estado, relatou as negociações ainda incipientes entre o PDT e o PMDB, visando uma possível união na eleição para o governo do Paraná em 2010. Emissários do senador Osmar Dias e do governador Roberto Requião falam sobre uma aliança que, até há pouco, todos repeliam.

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O PDT de Osmar Dias tinha como aliado preferencial o PSDB e todos os outros partidos que entraram na grande aliança que quase elegeu o senador em 2006 – é bom lembrar que ele perdeu por meros dez mil votos. Desde aquele tempo, Osmar e Requião trocaram insultos, impropérios e acusações.

Sim, até porque esse é o estilo do governador. Sempre que perguntado, por repórteres ou por políticos aliados (ou não), ele deixou claro que não entraria em um acordo com Osmar e com o PDT, que também eram ferrenhos opositores do governo dele na Assembleia Legislativa. O resultado foi um distanciamento que parecia gigantesco, dando a impressão que uma união seria, além de impensável, um disparate.

Mas aí entraram dois outros agentes da futura eleição. Primeiro, o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Que quer ver Osmar Dias e Roberto Requião juntos “turbinando” o palanque da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata petista à presidência. E, segundo, o PSDB paranaense, com dois postulantes de peso, o senador Alvaro Dias e o prefeito de Curitiba, Beto Richa. Os dois nomes forçam os tucanos a ter candidatura própria, “abandonando” o PDT.

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Do jeito que a situação se encaminha, os “inimigos” de ontem poderão virar “amigos” rapidamente, e pedetistas e peemedebistas podem se aliar no ano que vem. Tudo bem que na política tudo se acerta, mas muita gente não vai engolir com facilidade um palanque dividido por Osmar Dias e Roberto Requião. As histórias dos últimos anos vão ser relembrados, e vai ser difícil explicar que toda aquela raiva virou, de uma hora para outra, um carinho quase fraternal.