Quem parte para uma disputa eleitoral tem apenas um objetivo: vencer. Não há nada de errado nisto. É como em qualquer esporte – importante é competir (a máxima do Barão de Coubertin, o entusiasta que criou os Jogos Olímpicos modernos), mas melhor é ganhar.

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E na política, o caminho de uma vitória é construído meses, às vezes anos antes da votação. É na construção de alianças que se inicia este processo. É nas composições que se ganha tempo no horário eleitoral, que se conseguem forças para chegar mais longe na campanha, que se encontram objetivos semelhantes e se constroem projetos de poder combinados.

No Paraná, o balé das alianças continua correndo solto. O que é certo hoje pode virar poeira na próxima semana, e voltar a virar sólido nos dias seguintes. Caso claro foi a divergência pública entre PT e PDT, por conta da decisão do senador Osmar Dias (PDT) em votar a favor da criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Os petistas estrilaram, os pedetistas recuaram e a aliança estremeceu. Dias depois, entretanto, as conversas reiniciaram e a composição PT-PDT para a eleição estadual em 2010 continua possível. Sinal claro disso foi a defesa pública de Osmar quando o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão Paulo Bernardo, foi alvo de críticas pela imprensa carioca.

Agora, é a vez do PSDB voltar a pensar na aliança com o PMDB. A repórter Elizabete Castro explicou na edição do último domingo de O Estado: “Agregar peemedebistas e pedetistas em torno do palanque tucano significa meio caminho andado para a vitória em 2010, acreditam os tucanos. Do outro lado, restariam o PT e aliados que ficariam debilitados sem o reforço peemedebista ou a candidatura pedetista ao governo. A aliança tucano-peemedebista para 2010, entretanto, não é desejada por todos no PSDB, mas não encontrará resistências se ocorrer. Apesar de todas as indicações de setores do PMDB demonstrando a disposição de sacrificar a candidatura do vice-governador Orlando Pessuti e seguir com o PSDB em 2010, o presidente do PSDB do Paraná, deputado Valdir Rossoni, ainda acha que Requião é um obstáculo irremovível para esta composição. (…) No PMDB, a ideia já está plenamente assimilada em vários círculos”.

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Os tucanos não estão errados. Contar com o PMDB é contar com o partido mais estruturado em todo o Estado. Os oito anos de Roberto Requião como governador estenderam o partido para todos os cantos do Paraná – na verdade, completando um trabalho de expansão comandado pelos governadores José Richa (pai do prefeito de Curitiba, Beto Richa, um dos postulantes do PSDB à candidatura ao governo) e Alvaro Dias (o outro que luta pela indicação do partido). Como as bases peemedebistas estão em maioria a favor desta aliança, seria em tese natural a aproximação das duas siglas.

Mas, como disse o deputado Valdir Rossoni, há um empecilho nesta aproximação contínua entre PSDB e PMDB. O governador do Paraná não está preocupado em unir forças, em buscar mais apoios para uma candidatura conjunta, e talvez nem mesmo com vontade de criar uma agenda positiva para o Estado. O seu interesse é eleger-se senador no ano que vem – e, se possível, garantir uma vaguinha para seu sobrinho preferido (João Arruda) na Câmara Federal e para seu secretário da Segurança Pública (Luiz Fernando Delazari) na Assembleia Legislativa. Por isso ainda não fez movimento visível em apoio ao nome ungido pelo PMDB para disputar o governo, o vice-governador Orlando Pessuti. Ele quer primeiro saber o que é melhor para ele.

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E isto pode ser decidido às vésperas do fechamento das alianças, deixando algum lado da disputa (Pessuti, PT, PDT ou PSDB) na mão em cima da hora. Daí que tucanos, pedetistas e petistas não podem contar com o ovo antes da galinha botá-lo. Que montem seus projetos, que sigam seus caminhos e esperem a decisão solitária de Roberto Requião.