Não deu outra. Após “namorarem” durante a campanha eleitoral e “noivarem” após a vitória do governador eleito Beto Richa no primeiro turno, PSDB e PMDB “casaram”, formando aliança na Assembleia Legislativa e dando aos peemedebistas uma secretaria, a do Trabalho. Era uma tendência que se apresentava desde que alguns parlamentares tentavam formar uma chapa única entre os dois partidos para o governo, com Beto Richa como candidato e o PMDB como linha auxiliar.
Mais explicações estão na matéria da repórter Elizabete Castro em O Estado: “Com o acordo, Beto conseguirá reduzir ao mínimo a oposição ao seu governo, que deverá ficar centralizada na bancada de seis deputados do PT e um ou outro parlamentar de outra sigla. A negociação entre o PMDB e Beto não garante adesão integral dos treze deputados peemedebistas à base de apoio dos tucanos. Mas, dos treze, pelo menos dez já demonstraram a disposição para integrar o bloco de sustentação do governo, disse Valdir Rossoni, que articulou o acerto entre os dois partidos. “Com esse arranjo, liquidamos a questão da eleição da Assembleia Legislativa e proporcionamos as condições para que o Beto possa desenvolver o seu projeto de governo, com o apoio da maioria folgada na Casa’, afirmou. O presidente estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi, disse que cargos na Mesa e no governo estabelecem uma parceria entre o partido e os tucanos, mas que cada um dos integrantes da bancada tem liberdade para definir sua postura em plenário”.
São dois pontos que precisam ser analisados. O primeiro está na declaração de Valdir Rossoni, que será (salvo alguma grandíssima surpresa) o futuro presidente da Assembleia Legislativa. Ele festejou o acordo pela importância de se ter uma base forte para o início do mandato de Beto Richa. Isto realmente é decisivo. Começar um governo sem maioria no Parlamento é complicado – e uma maioria tímida também pode causar constrangimentos para o governador. Para quem está no Executivo, o ideal é que a bancada da situação seja a maior possível, contando com aliados de vários matizes, mas todos trabalhando pelo êxito dos projetos oficiais. Pelo menos é o que se espera de uma base organizada.
O outro ponto é que uma Assembleia sem oposição também não seria interessante – nem para o governo, nem para a política do Estado. É muito bom que tenhamos um contraponto às decisões do Executivo, até para que algumas ideias sejam aperfeiçoadas. A liderança do pequeno bloco oposicionista será do PT, que não tem nenhuma possibilidade de compor com o PSDB – o que garante quatro anos de combatividade dentro do parlamento.
A posição externada por Waldyr Pugliesi em O Estado é apenas protocolar. Mostra um dos poucos defensores de Roberto Requião em posição de resguardo, esperando o desenrolar dos acontecimentos para definir seu destino. E com toda a vontade do mundo em também subir na caravela tucana e compor a base aliada.
Pelo que se projeta, na análise das notícias das últimas semanas, o PMDB termina 2010 e começa 2011 rachado, mas muito mais perto de Beto Richa e do PSDB do que da eterna discussão entre Requião e o governador Orlando Pessuti, e a falta de proximidade de ambos com os deputados estaduais. A interminável troca de acusações entre os dois tirou Pessuti da disputa pela reeleição, quase alijou Requião no Senado e agora está entregando de bandeja a parte mais representativa do partido para os tucanos.