“O governador Roberto Requião (PMDB) encabeça a chapa para o diretório municipal de Curitiba, apresentada ontem em reunião preparatória da convenção que será realizada no próximo dia 24. A chapa, uma homenagem à candidatura do vice-governador Orlando Pessuti ao governo nas eleições do próximo ano, foi batizada de “Pessuti e Requião’ e tem 45 integrantes. À exceção do deputado estadual Reinhold Stephanes Júnior, integram a chapa todos os secretários do governo e deputados estaduais e federais com domicílio eleitoral, em Curitiba. Stephanes foi vetado pelo atual presidente do diretório municipal, Doático Santos. A justificativa é que Stephanes costuma desrespeitar a orientação partidária. Stephanes disse que não se preocupa com a exclusão. (…) Ele defende a candidatura do deputado federal Marcelo Almeida à presidência do diretório no lugar de Doático, que tem o apoio do governador Roberto Requião”.

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A matéria da repórter Elizabete Castro, publicada na edição de quarta-feira de O Estado, mostra mais uma participação efetiva da “turma do trator” do PMDB, o grupo de áulicos que anda de mãos dadas com o governador Roberto Requião. Ao menor sinal dado pelo líder, eles se preparam e vão tentando atropelar qualquer um que pense em discordar dos planos do “chefão”.

Neste caso, é Reinhold Stephanes Júnior. O deputado estadual não aceita ser tutelado pelo governador e, mesmo fazendo parte da base de sustentação na Assembleia Legislativa do Paraná, mantém uma atitude independente. Por conta disto, um cidadão que se julga político e se chama Doático Santos simplesmente excluiu-o da chapa “Pessuti e Requião”. E se fez isso, fez por orientação do governador, pois Doático não dá qualquer ponto que não tenha o nó de Requião.

Diga-se de passagem que não é só ele que age assim. Há outros pretensos “líderes” do PMDB paranaense que não conseguem sair da aba de Roberto Requião. O governador, esperto, apenas capitaliza estes apoios para manter seu poder. Como nenhum destes áulicos tem coragem de bater de frente com ele, a liderança segue ampla e sem maiores preocupações. Mesmo as defecções recentes no partido não o preocupam.

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A “turma do trator” segue firme. Para estes, pouco importa o que vai acontecer com o PMDB, com o Paraná e com o Brasil após a eleição de 2010. Só importa saber se Requião será eleito senador no pleito de 3 de outubro. Para alguns, mais aferrados ainda ao governador, perfeito seria ver o “primeiro-sobrinho” João Arruda, sobre o qual pairam grandes suspeitas, eleito deputado – e com um festejado foro privilegiado.

E quem não aceita tais ideias? Simples, o trator passa por cima. No caso de Arruda, ele trafega no mesmo caminho do ex-presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde. Aliado de primeira hora de Requião, o ex-deputado federal se viu na rota da família nos últimos meses, virando alvo de pressões até sair da autarquia estadual e se aproximar claramente do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), provável candidato tucano ao governo estadual.

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Gomyde é apenas um exemplo do que acontece -quem era seu amigo até há pouco agora fala mal dele pelo Estado. Com Marcelo Almeida será igual. E com Stephanes Júnior também. Só não será tão agressivo porque ele tem mandato, tem potencial de votos e tem um pai que é ministro da Agricultura. Ele será “deglutido” por Requião e pela “turma do trator”. Enquanto isso, os áulicos do governador vão seguindo firmes e fortes ao seu lado, fazendo tudo que ele manda e transformando o pujante PMDB do Paraná em um reles palco para o histrionismo de um político e de seus tresloucados aliados. E Doático Santos seguirá fazendo o seu barulho pelas ruas de Curitiba, com as bênçãos de seu líder.