Foi divulgada na segunda-feira mais uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) junto ao Instituto Sensus. Neste período pré-eleitoral, é esta avaliação que dá a temperatura do debate político brasileiro – por conta das projeções para o pleito presidencial do ano que vem e pelo monitoramento da aprovação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

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Desta vez, o trabalho do Instituto Sensus demonstrou uma espécie de “proporcionalidade”. Os dados que apontam novo crescimento de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são parecidos com os que dão ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB), menos vantagem sobre a ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff (PT).

É como mostrou a matéria da edição de ontem de O Estado em dois trechos. O primeiro: “Na pesquisa divulgada ontem, no primeiro cenário de segundo turno das eleições do ano que vem, contra a potencial candidata do governo, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, Serra ainda venceria a disputa com boa vantagem, com 46,8%, ante 28,2% da ministra. Porém, na pesquisa feita em setembro, a situação de Serra era mais confortável: ele tinha 49,9%, contra 25% de Dilma”.

E o segundo: “Segundo a pesquisa, o blecaute que deixou 18 Estados sem luz no dia 10 deste mês não teve efeito aparente na aprovação do governo e do presidente Lula. A aprovação do governo subiu de 65,4% em setembro para 70% em novembro. Ao mesmo tempo, a avaliação negativa recuou de 7,2% para 6,2%. A fatia dos que avaliam o governo como regular caiu de 26,6% para 22,7%. A aprovação pessoal do presidente Lula subiu de 76,8% em setembro para 78,9% em novembro. Já a desaprovação a Lula caiu de 18,7% para 14,6%, no mesmo período”.

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Da pesquisa pode-se retirar uma conclusão simples: não há o que segure a popularidade do presidente da República. Lula hoje é quase um “santo” para a maioria absoluta da população, que o coloca como o grande responsável pela melhoria do País nos últimos anos. Um fato como o apagão, que ainda não tem explicação plausível e que é de responsabilidade, em último caso, do presidente, simplesmente “descolou” de Lula e recaiu sobre outras autoridades (que, obviamente, eram responsáveis diretas pelo assunto, como o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão).

E onde isso reflete em José Serra? Na associação que se faz entre o governador de São Paulo e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos últimos trinta dias, Fernando Henrique reapareceu no cenário político fazendo duras críticas a Lula. O resultado disso foi que, consciente ou não, o público rechaçou as declarações do ex-presidente tucano “fugindo” de Serra – que também acabou recebendo no colo a responsabilidade sobre a queda da viga do Rodoanel em plena rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba. A culpa do governador sobre o acidente é a mesma de Lula no apagão, mas em um a pecha de “culpado” colou e, em outro, não.

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É por isso que Lula deseja uma eleição “plebiscitária” em 2010. O presidente sabe que, na comparação, ele fica na frente de qualquer outro político -ele atingiu um nível igual (ou superior) ao de Getúlio Vargas ou Juscelino Kubitschek. Ele precisa colocar na balança, durante a campanha, tudo que o povo acha que ele fez. Conseguindo isto, vai catapultar Dilma e fará dela uma adversária complicada para Serra.

E vai levar a eleição para o segundo turno, como já se prevê desde o início deste ano, quando a ministra começou a tocar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e passou a ser colocada como a “herdeira” de Lula. Mas não por muito tempo – os petistas já falam abertamente na ministra apenas esquentar a cadeira, para a volta triunfal do presidente Lula na eleição de 2014.