A necessidade petista

O PT é o partido a ser batido na eleição presidencial do próximo ano. A expectativa das outras siglas é acabar com o predomínio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vive lua de mel com a população. A prova está em seus altos índices de popularidade. A parte relevante da oposição a Lula está unida: PSDB, PPS e DEM vão sair juntos no pleito de 2010, provavelmente liderados pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), potencial candidato à presidência.

Mas o PT não está parado. Quem acompanhou a propaganda gratuita da última quinta-feira viu que o partido já definiu sua candidata, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ela larga com o apoio definitivo de Lula, que vai tentar fazer de sua ministra uma espécie de “perpetuadora” de seu mandato. E também um elo entre a possibilidade de mais dois mandatos – pois o presidente é popular o suficiente para se eleger em 2014 e 2018.

Só que não é simples ganhar uma eleição. Ainda mais a disputa presidencial. Dilma precisa ter palanques fortes nos estados mais importantes -principalmente no sul e no sudeste, pois nos grotões Lula é popularíssimo. O Paraná é fundamental nos planos do PT, é necessário contar aqui com candidatos fortes para o governo estadual e para o Senado Federal.

O nome escolhido pelo PT para ser o candidato ao governo do Estado não é do partido, e até há pouco tempo sequer estava na base de apoio do presidente Lula. O senador Osmar Dias (PDT) tentou ser governador em 2006 (perdeu para Roberto Requião, do PMDB) tendo o apoio do PSDB, do PPS e do DEM, justamente os partidos que formam o grosso da oposição.

Apesar da estranheza, o comando petista no Paraná – calçado pela decisão de Lula – está empenhado em ter Osmar como seu candidato. Como mostra a matéria da repórter Elizabete Castro na edição de domingo de O Estado: “Apesar de algumas lideranças demonstrarem impaciência com a indefinição do senador Osmar Dias, o PT do Paraná decidiu esperar até março por uma resposta do pedetista sobre a proposta de aliança para as eleições do próximo ano. O diretório estadual aprovou resolução apontando o mês de março como a data final para o partido definir sua posição no quadro da sucessão estadual. Março é o mês em que o governador Roberto Requião e o prefeito Beto Richa se afastam dos cargos para concorrer ao governo e ao Senado. São fatos apontados como decisivos para o desfecho das articulações em curso. Ou seja, é o último prazo para a consolidação da candidatura do vice-governador Orlando Pessuti ao governo e da escolha do candidato do PSDB, que está entre Beto Richa e o senador Alvaro Dias. Essas decisões também ditam os rumos do senador Osmar Dias”.

Fica claro, portanto, que o PT precisa esperar Osmar. Ao mesmo tempo em que o partido sabe que não tem um nome de proa para encarar a eleição (e não interessa “queimar” o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ora cotado inclusive para substituir Dilma Rousseff na chefia da Casa Civil), o PMDB não é um parceiro ideal, pois o vice-governador Orlando Pessuti ainda não demonstrou potencial para encarar o favoritismo do PSDB no Estado – mais com o prefeito Beto Richa, menos com o senador Alvaro Dias.

A necessidade de ter um nome forte – e a possível tensão que isto provoca – terá que se combinar com a espera até março. Até lá, certamente, muita coisa acontecerá, e talvez seja possível apontar o destino petista antes mesmo do prazo final. Certo é que os líderes do PT no Estado julgam hoje ser fundamental ter Osmar Dias como candidato ao governo, por mais estranho que isso pareça quando se comparam as trajetórias políticas do partido e do senador.