Há muitos que se curvam aos interesses dos poderosos. Chega a ser natural, pois há a pressão inevitável de quem tem mais força para quem não tem. Alguns fazem isso pensando longe, cheios de interesses. Outros já aceitam para evitar represálias. Poucos resistem, e são respeitados. Para todos eles, há só uma solução para evitar o excesso de ousadia dos que detêm temporariamente o poder: a Justiça.
E quando o Judiciário age com lisura e correção, a democracia vence. Foi o que aconteceu na quarta-feira, assunto que é destaque na edição de ontem de O Estado: “O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), em Porto Alegre, manteve a condenação do governador Roberto Requião (PMDB) a pagar multa de R$ 200 mil recebida em agosto passado, quando, durante uma exibição do programa Escolinha do Governo, na TV Educativa, ele atacou seus adversários políticos, imprensa e membros do Ministério Público e do Judiciário. Por dois votos a um, a Quarta Turma do TRF4 negou o pedido de abolição da multa apresentado pelo governador”.
A decisão do TRF4 foi muito importante. O governador do Paraná, achando que está acima do bem e do mal, usa a estratégia da Escola de Governo para, no final das contas, usar a TV Educativa em benefício próprio. Sabe-se que a TVE, por ser de controle público, vai notadamente acompanhar a movimentação do governo do Estado. Isto é natural e compreensível. Não se vê nenhum problema nisso.
Errado está o governador ao usar três ou quatro horas semanais simplesmente para arrazoar seus feitos, destilar seu ódio e fazer um julgamento sumário do que acha certo e errado. Uma TV pública não é o palanque de quem quer que seja. Muito menos para Requião manter-se firme na mídia (apesar da quase nula audiência da “Escolinha”) e continuar pavimentando o caminho até o Senado Federal na eleição do ano que vem.
Apesar de pressionar, o governador viu que a Justiça não cedeu. O que é muito bom para a política paranaense, para a imprensa paranaense e para a sociedade paranaense.
Mostra-se que ainda há quem não se curve aos poderosos.
