Nestes quase quatro meses de luta do Brasil contra a gripe A (H1N1), também conhecida como gripe suína, viu-se e ouviu-se de tudo. Inclusive nada. Em dado momento, as autoridades de saúde se resguardaram, como se isso ajudasse a deixar o vírus da influenza A longe da população. A sensação foi justamente a contrária, com as pessoas se desesperando com a falta de informações e começando a acreditar em tudo. Até os últimos dias, ainda corria uma lista de e-mails com uma especulação terrível – a de uma série de mortes no Hospital de Clínicas, em Curitiba, envolvendo infectados, médicos e enfermeiros. Foi precisa a intervenção oficial para acabar com as falsas informações.

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Domingo, em O Estado, o diretor-geral da Secretaria de Estado da Saúde, André Pegorer, concedeu entrevista à repórter Luciana Cristo. Ele fala, entre outros assuntos, do afastamento das gestantes pelo governo do Paraná: “As grávidas se configuraram como um grupo de risco para a doença e temos tido casos de gestantes internadas. Já emitimos uma primeira recomendação, há uma semana, pedindo para tirá-las da linha de frente do atendimento ao público e a nova medida foi tomada com base em diálogos com a sociedade de ginecologia e obstetrícia, que entende que, de fato, é necessário. É uma medida de excesso de prevenção, não houve agravamento dos casos com relação às gestantes nem mudança do quadro. Ao proteger uma gestante estamos protegendo duas vidas”.

É imprescindível agir como Pegorer agiu nesta conversa com O Estado. Ao tomar uma decisão que afeta a sociedade, como o afastamento temporário das gestantes, é muito importante explicar os motivos que levaram o poder público a este posicionamento. Se não, corre-se o grande risco de aumentar o pavor generalizado.

Imaginemos: anuncia-se o afastamento e ponto final. Para muitos, poderia ser o sinal de um agravamento da gripe suína, e isto representaria maior risco para todos e… Pronto. Estava criada a confusão. Com manifestações claras e abertas, como a de Pegorer, há pouco risco de má interpretação.

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