Eurico Gaspar Dutra foi eleito com apoio implícito dele. Juscelino Kubitschek também. Jânio Quadros não ousou criticá-lo. João Goulart era seu afilhado político. Os militares seguiram, por outras vias, o caminho nacionalista dele. Fernando Collor usou seu legado durante a campanha eleitoral e quando estava prestes a ser impedido. Itamar Franco sempre gostou dele. Fernando Henrique Cardoso o colocava como grande estadista. E Luiz Inácio Lula da Silva tenta ser seu sucessor na história.
Todos os ex-presidentes da República citados acima convivem com a sombra de Getúlio Vargas, o grande nome da história brasileira republicana, o maior político do século passado e homem que governou o País por mais tempo.

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Há 55 anos, Getúlio deixou a vida para entrar na história. E apesar da trajetória típica de um político brasileiro -transitando entre direita e esquerda, colecionando amigos e inimigos – e misturando o presidente eleito com o ditador, Vargas suplanta seus antecessores e seus sucessores pela herança que deixou ao Brasil.

Se hoje legamos a Juscelino a liderança do processo de industrialização, cabe lembrar que Getúlio construiu a base para toda a revolução dos “cinquenta anos em cinco” de JK – inclusive com a implantação da indústria de base no País. A empresa que mais fascinou os militares, a Petrobras, foi uma criação de Vargas, com seu apoio à campanha “O Petróleo é Nosso”, que agora é recriada por Lula quando fala do pré-sal.

Até mesmo toda a geração de economistas que controla o ministério da Fazenda desde os tempos de José Sarney têm, na gênese, a experiência monetarista dos tempos de Vargas e Oswaldo Aranha.

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Sem contar a criação da Ordem dos Advogados do Brasil, do Correio Aéreo Nacional, da Empresa de Correios e Telégrafos, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. E toda a legislação trabalhista. Vargas pode ser considerado o criador do Brasil moderno. Sem esquecer todas as atitudes totalitárias que tomou, não se pode deixar de reconhecer a importância de Getúlio para a nação.