Por ter dois filhos, um de 11 e outro de 14 anos, Adriana Ancelmo, ex-primeira dama, mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), teve sua prisão preventiva convertida em domiciliar. Ela estava presa, assim como o marido, no Complexo de Gericinó (Bangu). O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, estabeleceu como “castigo” que ela não pode ter acesso a internet ou telefone.

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Adriana é acusada de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, no âmbito da operação Lava-Jato. Foi beneficiada direta de todo o esquema de enriquecimento ilícito comandado pelo esposo. Somente na famosa joalheria H.Stern o casal comprou, num período de 4 anos, R$ 6 milhões em joias.

Luxo

Diferente de tantas outras acusadas de crimes, que não têm o mesmo poder financeiro pra brigar por seus direitos na longa estrada do nosso judiciário, Adriana foi autorizada a permanecer reclusa num luxuoso apartamento com vista pro mar. No Leblon, zona sul do Rio, que tem o metro quadrado mais caro do País. Lá paga-se mais de R$ 22 mil por cada quadradinho de um metro por um metro.

Por mais que a lei permita e dê guarida à decisão do eminente magistrado, inegável que referida medida nem flerta com a moralidade. O que dizer pra inúmeras mães, com filhos menores de 12 anos, que permanecem guardadas em celas sujas e lotadas? Muitas com filhos que realmente necessitam do cuidado materno? Será que os filhos de Adriana necessitam, mesmo, de maneira emergencial e irrevogável, da presença da mãe?

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Despachos como esse, que infelizmente têm retaguarda no nosso código de leis penais, são a maior prova de que as regras do jogo precisam mudar. Não se pode defender o descumprimento do que está escrito, mas é imperioso lutar por leis mais atuais, justas e que não deixem a sociedade nauseada.

Esperamos que a justiça avance e consiga reaver todo o dinheiro surrupiado do erário. Independentemente de o castigo aos corruptos ser aplicado em quarto com ar-condicionado e lençol de mil fios.

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