Tristeza prolongada e a depressão

 

Álvaro Estima, psiquiatra

A tristeza sem causa aparente, o desinteresse pelas atividades da vida diária, a ausência de estímulo sexual e outras situações que, ao se tornarem repetitivas, começam a causar sofrimento e prejuízo ao bem-estar podem ser indícios de depressão. Quando a tristeza se prolonga e começa a causar prejuízo ao bem-estar é hora de procurar ajuda profissional.

Isso acontece quando o transtorno afeta o relacionamento familiar, social e a produtividade no trabalho. Para não ficar nenhuma dúvida é necessário consultar um especialista, pois o diagnóstico da doença é clínico, o que significa que não há nenhum exame que comprove esse transtorno mental.

É comum que em um primeiro momento outros médicos, mesmo aqueles não especializados, sejam procurados, tanto por falta de informação quanto por preconceito ou medo do estigma da doença mental.

Como em qualquer outra situação médica, o especialista dessa área clínica é quem deve ser o responsável pelo diagnóstico e tratamento da depressão. O impacto da patologia na saúde pode ser dramático e quando associada ao tabagismo, alcoolismo, sedentarismo e maus hábitos alimentares, podendo provocar o aumento na incidência de diabetes, doenças pulmonares, doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral.

O apoio de uma família que encare a presença da depressão em um dos seus membros como uma doença como as outras, é fundamental para o diagnóstico precoce e facilita a adesão do paciente ao tratamento. É preciso combater o preconceito discriminatório com a doença psiquiátrica.

Em nenhuma outra patologia acusa-se o paciente de “falta de força de vontade” como nesses casos. Imagine alguém dizer ao paciente com apendicite ou reumatismo que ele é fraco ou não sabe reagir. Com a depressão, ao contrário, isso ainda acontece.

O medo do estigma da doença mental por parte do paciente, dos familiares e do grupo social traz a negação da doença e o retardo na busca de ajuda especializada. O preconceito só faz o quadro de depressão piorar, o que torna o tratamento mais  difícil e demorado. 

Depressão precisa ser tratada com medicamentos, e estes têm evoluído ao longo dos anos, atuando no organismo de maneira mais eficaz e segura, com diminuição significativa dos efeitos adversos. Entre eles sonolência diminuída e pouca interferência no peso e na libido.  Um exemplo são os inibidores de recaptação da serotonina e da norepinefrina, substâncias do sistema nervoso que são diretamente relacionadas ao mecanismo da depressão.

Aliado ao tratamento medicamentoso, além da psicoterapia, está a prática de atividades físicas frequentes, pois liberam endorfina, substância que causa sensações de alegria e bem-estar.

O cérebro de uma pessoa diagnosticada com depressão apresenta alterações químicas que precisam ser equilibradas, especialmente no sistema nervoso, responsável pelos níveis de humor, alegria, tristeza, energia e interesse.

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