A toxina botulínica do tipo A, mais conhecida pelo seu nome comercial Botox® (marca produzida pelo laboratório Allergan), é muito conhecida pelo seu uso cosmético, para o rejuvenescimento facial. O que muita gente não sabe é que em 1977, antes mesmo de ser usada em rugas de expressão, o oftalmologista Alan Scott corrigiu o estrabismo com a mesma substância. Desde então, as indicações terapêuticas vêm sendo estudadas, inclusive para tratar as conseqüências de problemas neurológicos.

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No Brasil, as indicações da toxina botulínica tipo A para o tratamento de doenças neurológicas aprovadas pela Anvisa são: espasticidade, blefaroespasmo, espasmo hemifacial e distonias.

A revolução na indicação da toxina em neurologia deve-se a seu uso no tratamento das distonias (contração muscular excessiva que causa movimentos repetitivos ou posturas anormais), doença que pode afetar os músculos da pálpebra, pescoço, mastigatórios, língua, um dos lados da face e nas mãos.

Recentemente, a substância passou a ser aplicada no auxílio ao tratamento de pessoas portadoras de espasticidade (aumento da rigidez de contração dos músculos, causados por uma condição neurológica anormal). De acordo com o Ministério da Saúde, o distúrbio compromete 67% dos portadores de lesão medular, 60% dos pacientes com paralisia cerebral, 84% das pessoas com traumatismos crânio-encefálico, além de pacientes vítimas de AVC (acidente vascular cerebral) e esclerose múltipla.

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A espasticidade acontece quando os músculos recebem sinais que os fazem contrair quando deveriam relaxar. Os sintomas vão de uma leve contração até uma deformidade severa, que afeta a mobilidade e a qualidade de vida dos pacientes.

Na indicação neurológica, a toxina botulínica também é aplicada diretamente nos músculos comprometidos, provocando um relaxamento e bloqueando a atividade motora involuntária. A melhora na movimentação é fundamental em todas as etapas da reabilitação e contribui significativamente para devolver a qualidade de vida do paciente.

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A toxina botulínica tipo A traz bons resultados no combate a hiperidrose e estudos testam a sua eficácia em portadores de sialorréia (excesso de saliva), enxaqueca, parkinsonismo e paralisia cerebral.

Sobre a aplicação, é importante destacar que a substância é extremamente segura nas doses recomendadas e quando administrada por profissionais treinados especificamente para esse tipo de procedimento. O uso da toxina é contra-indicado em gestantes, em portadores de doenças neuromusculares ou se houver algum processo infeccioso no local da aplicação.
Para os portadores de condições neurológicas, o procedimento e a medicação são cobertos pela maioria dos planos de saúde. Outra opção são os centros de referência estaduais, onde o tratamento pode ser obtido pelo SUS.

É importante lembrar que, para a reabilitação desses pacientes, o médico deve trabalhar em conjunto com uma equipe interdisciplinar (fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogo, entre outros) para determinar como a toxina botulínica pode auxiliar no tratamento.