No dia 28, último domingo do mês de setembro, comemoramos o Dia Mundial do Coração. Data mais do que oportuna para analisarmos a síndrome do coração partido. Os primeiros relatos dessa síndrome foram publicados em 1991, em uma revista científica japonesa. Os japoneses usam a palavra Tako-tsubo, que significa “vaso para pescar polvos”, remetendo a um vaso com a abertura estreita e do qual o polvo capturado não consegue escapar. O formato desse vaso se assemelha ao ventrículo esquerdo quando acometido por esta patologia.
Os sintomas se assemelham ao infarto agudo do miocárdio (IAM), com dor no peito, alterações no eletrocardiograma e alterações nas enzimas cardíacas. O ecocardiograma e o cateterismo selam o diagnóstico quando as artérias coronárias estão normais, sem obstruções. Ou seja, quadro típico de IAM com dor no peito, eletrocardiograma, enzimas cardíacas e ecocardiograma alterados, apesar de artérias coronárias se apresentarem normais.
A causa desse quadro ainda não está bem esclarecida, mas várias teorias apontam para a liberação de catecolaminas, hormônios relacionados aos níveis elevados de estresse, em grandes quantidades. Parece ser mais comum em mulheres, acima da quinta década de vida. Ocasiões de importante estresse são observadas como desencadeantes da síndrome ou broken heart – termo usado nos Estados Unidos -, como situações de luto, assaltos, julgamentos em tribunal, cirurgias, separações e grandes emoções.
A fisiopatologia da doença está relacionada com o aumento dessas substâncias que podem ser temporariamente tóxicas para o organismo e provocar fraqueza do músculo cardíaco e/ou espasmo microvascular. Existem ainda muitas zonas escuras na fisiopatologia dessa síndrome, mas o que se pode afirmar – e isso é consenso – é que a recuperação é espontânea e total, não deixando seqüelas. Mesmo as mais severas são reversíveis. Também não existem notícias de repetição do quadro em pacientes já acometidos pelo distúrbio.
Alguns estudos apontam que, em cerca de duas semanas, o órgão recupera a capacidade de bombear o sangue normalmente. No ataque cardíaco clássico, a recuperação pode levar alguns meses. No entanto, se não tratada, a síndrome pode ter o mesmo comportamento de um infarto agudo do miocárdio, podendo levar à morte.
Assim, o que se conclui é que qualquer dor no peito deve ser avaliada com atenção. O indivíduo com dor no peito não deve perder tempo, procurando imediatamente uma unidade de dor torácica em um hospital, para que o especialista o avalie, faça os exames necessários e o trate da forma correta, evitando, assim, complicações.