Na semana do dia Mundial do Combate ao Câncer na Próstata, gerou polêmica uma nota do Instituto Nacional do Câncer (INCA), que afirmou que não é necessário realizar o toque retal como exame de rotina. Esse comunicado contrariou muitos especialistas, sobretudo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) que demonstrou ser completamente contrária à posição do Inca.
Não demorou muito e o Instituto Nacional do Câncer, instituição referência para muitas das ações que envolvem a saúde pública em nosso país, afirmou que houve um equivoco em seu comunicado. Porém, o erro já estava feito e muitos homens que tinham dúvidas quanto a realizar esse exame desistiram de procurar por médicos e, para piorar a situação, quem sempre procurou um especialista agora têm dúvidas quanto a eficácia desse exame.
Por atuar há mais de vinte anos como andrologista, reconheço a dificuldade que muitos homens encontram em detectar o câncer de próstata e também sei quão trágico podem ser as conseqüências dessa doença. Tanto aqui no Brasil como nos Estados Unidos essa patologia representa o segundo pior tipo de câncer entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. Além disso, cerca de 10% dos homens com mais de 50 anos tendem a desenvolver essa doença.
Do mesmo modo que o câncer de mama, nas mulheres, que na maioria das vezes é diagnosticado por meio de análises de rotina, a prevenção do câncer de próstata deve ser realizada por meio do exame de toque retal anual a partir dos 40 anos.
Esse procedimento é de suma importância, pois acompanhando a próstata periodicamente é possível perceber qualquer irregularidade antes mesmo de serem diagnosticadas com outros exames. Cerca de 70% dos casos desse tipo de câncer são percebidos precocemente, o que eleva o índice de cura quando do início da doença para a casa dos 80%.
Vale ressaltar que o teste do antígeno prostático (PSA), um exame de sangue, feito em laboratório, também é uma boa alternativa para auxiliar na prevenção desse tipo de câncer. Quando esses níveis encontram-se fora da normalidade, os médicos já podem levantar suspeitas da existência de tumores na próstata e, assim, aplicar outros métodos de investigação e avaliação.
Como as causas do câncer de próstata ainda são desconhecidas, o ideal é diminuir ao máximo o alastramento dessa doença e quando o assunto é prevenção, o exame de toque, aliado à medição dos níveis de PSA, certamente são a melhor combinação.
Homens com menos de 40 anos de idade devem procurar um especialista caso apresente algum sintoma; a partir dos 40 anos, caso tenha história de câncer de próstata na família; e depois do 50 anos, anualmente, mesmo sem sintomas. Afinal, por que deixar que uma doença, cujo tratamento pode ser altamente eficaz quando detectada no início, acabe gerando conseqüências de grandes proporções por conta de um tabu cultural?