O avanço da tecnologia no setor da saúde vem provocando uma discussão sobre quais os caminhos ideais para a incorporação de novos equipamentos e produtos médico-hospitalares no País. No meio desse debate estão questões espinhosas: o governo deve gastar com a importação de equipamentos de última geração, que ajudam a salvar algumas vidas, ou investir na melhoria da saúde pública com os tratamentos tradicionais? E como fica o equipamento que ajuda na prevenção e, mais adiante, evita custos com internações e exames? O mesmo dilema, em maior ou menor proporção, enfrentam os hospitais particulares que atendem por meio de planos de saúde e os centros de diagnósticos.
O processo de incorporação de novas tecnologias está em fase inicial, mas se trata de um processo irreversível. Os setores público e privado estão desenvolvendo iniciativas para melhorar a entrada desses novos equipamentos e produtos para a saúde. Mas esbarram, na maioria das vezes, na política adotada pelas autoridades do setor e no impacto econômico desse processo.
O custo é um dos principais fatores que o governo utiliza para barrar as novas tecnologias. O problema, nesse caso, deve ser avaliado com muito cuidado e em longo prazo. Logicamente, ao trazer um equipamento de última geração, o impacto econômico em curto prazo será alto. Mas é preciso ressaltar que este mesmo equipamento pode representar uma diminuição de custos em médio ou longo prazo. Uma nova tecnologia que previne doenças pode efetivamente reduzir o número de internações e intervenções cirúrgicas lá na frente.
Apesar de o governo ter criado um grupo para avaliar tecnica e economicamente o impacto das novas tecnologias, a indústria ainda encontrará dificuldades, pois faltam profissionais com a correta capacitação tanto por parte do governo quanto das indústrias.
A não-introdução de novas tecnologias no sistema, principalmente quando não há critérios bem definidos, tem como principal prejudicado o paciente, e, conseqüentemente o sistema de saúde, que poderá, com o tempo, se tornar defasado em relação ao mundo. Os profissionais da saúde que buscam treinamento e novos conhecimentos fora do País retornam frustrados, pois sabem que não encontrarão estas tecnologias disponíveis em sua pátria-mãe.
Esse quadro indica que é essencial a existência de critérios bem definidos na avaliação de novas tecnologias na saúde. E o Brasil precisa caminhar para uma metodologia eficiente, pois corre o risco de deixar de tratar seus pacientes adequadamente, caso adote critérios unicamente baseado em custos e sem análises metodológicas, com vistas a resultados de longo prazo para o sistema.
A indústria de equipamentos médico-hospitalares está aberta ao debate com toda cadeia envolvida com a saúde, com o objetivo de melhorar a estrutura de informações e a metodologia utilizada na aprovação das novas tecnologias. O diálogo, o planejamento e a implementação de novos métodos são fundamentais para um progresso nos tratamentos de saúde tanto no setor privado como no público.