Milton Dallari, consultor empresarial, advogado e presidente da Associação dos Aposentados
da Fundação Cesp.

Prevenir é melhor do que remediar. O ditado popular é velho, porém vem sendo usado exaustivamente por especialistas em contas públicas para tentar evitar um colapso no setor de saúde. O interesse se justifica pelo preço elevado de novas tecnologias e pelas projeções de aumento considerável da expectativa de vida da população brasileira nas próximas décadas. Trata-se de um problema inevitável.

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Ocorre que não existe uma fórmula matemática mágica capaz de equilibrar esse déficit, o que obriga agentes públicos e privados a incentivarem a prevenção de doenças por meio de campanhas e investimentos em terapias alternativas.

A revisão de métodos antigos e estabelecidos pode, inclusive, dar lugar a experiências fartamente comprovadas de êxito em alguns casos específicos. Isso não significa que haverá negligência com a saúde. Pelo contrário. Aos poucos, a medicina oriental ocupa espaço na sociedade com recursos que se somam aos remédios na cura de várias enfermidades. Na Alemanha, o governo reduziu significativamente os gastos com tratamentos ao adotar a homeopatia na rede pública. Metade dos casos de depressão no País é tratada com a "erva de São João".

Mas não é só a substituição de medicamentos que ganha força nessa discussão. Mais do que nunca, fica evidente a necessidade de orientar a população a buscar o diagnóstico de doença ainda no início. Esse procedimento será bom tanto para o paciente quanto para quem pagará pelo tratamento, seja pelo uso de remédios ou medicina alternativa.

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Em um seminário realizado pelo Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro, uma empresa privada destacou que seus gastos anuais com o tratamento do câncer poderiam ser reduzidos em até sete vezes se a doença fosse diagnosticada no início. O impacto nas contas do governo federal seria imenso, uma vez que o gasto anual com a doença é de R$ 1,2 bilhão, incluindo-se aí serviços de internação hospitalar, quimioterapia e radioterapia.

Essa diminuição de custos não significa mais dinheiro em caixa. Isso porque a utilização de equipamentos e terapias modernas deve se refletir em maior despesa, exigindo esforços dos entes públicos em campanhas de prevenção. Nos últimos cinco anos, a União viu os gastos com tratamentos de alta complexidade aumentar 103%. E até 2010 a expectativa é que se elevem em até oito vezes em comparação com os níveis atuais.

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O futuro do serviço público de saúde depende dessa mudança de mentalidade. E isso também vale para outras doenças. Com os avanços na medicina, cientistas já consideram normal que um bebê nascido nos dias de hoje possa atingir os 100 anos, e por que não 120 ou 130 anos se tiver uma boa saúde? É uma mudança drástica do perfil do idoso no país e no mundo. Há 30 anos, havia pouco mais de 500 mil pessoas com mais de 80 anos no Brasil. Em 2050, acredita-se que esse contingente será formado por mais de 25 milhões.

Porém, mais importante do que pensar na economia do país, é preocupar-se com o próprio bem-estar. Se você sabe de casos de câncer na família, ou de qualquer outra doença que possa ameaçar sua saúde, não deixe de visitar um médico e conversar a respeito do assunto. Faça exames preventivos e não deixe para amanhã o que pode ser resolvido ainda hoje, com calma e tranqüilidade. Preserve sua vida como se estivesse zelando pela saúde de uma pessoa querida.