O envelhecimento da população é um desafio mundial e para ajudar a melhorar as condições de saúde dessa parcela da sociedade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem uma frente de trabalho voltada para a prevenção das doenças crônicas comuns da terceira idade. No Brasil, com o aumento da expectativa de vida é natural a crescente preocupação em torno dessas doenças.
Segundo dados da OMS, a osteoartrite, ou artrose, é a doença reumática mais comum no país e uma das condições com maior incidência na população acima dos 60 anos. Devido a diversas alterações anatômicas que ocorrem no corpo com o passar dos anos, desgastes nas articulações, estruturas responsáveis pelos movimentos, tornam-se comuns.
Nas articulações, os ossos não tocam diretamente um no outro. Eles são revestidos por uma cartilagem, que evita o atrito. A destruição deste revestimento é o que caracteriza a osteoartrite, uma doença crônica. Pessoas com excesso de peso e com histórico da doença na família estão mais suscetíveis a desenvolver o problema, porém atletas que praticam esportes de impacto e aqueles que sofreram traumas nas articulações também devem ficar atentos. Quando a doença é descoberta precocemente, a terapia preventiva ajuda a minimizar os sintomas e a sua progressão.
A articulação mais acometida pela osteoartrite é o joelho. Por se tratar de uma doença inflamatória e degenerativa, há dificuldade de locomoção e, em casos mais graves, incapacita o paciente devido à dor crônica e limitação funcional. Recentemente, demonstrou-se que não apenas a lesão local e a inflamação levam à dor crônica. Evidências bem fundamentadas apontam para a existência do fenômeno de sensibilização central à dor. Com o tempo, este processo implica em uma mudança no funcionamento de nervos, medula e cérebro, mantendo e amplificando o estímulo doloroso.
O tratamento da osteoartrite inclui analgésicos e antiinflamatórios para alívio sintomático. Além disso, também são utilizados os condroprotetores, que teoricamente refazem ou protegem a cartilagem danificada, embora a sua eficácia ainda precise ser mais bem comprovada.
O manejo da dor é um ponto fundamental para o paciente, pois ela pode se tornar incapacitante e é uma das grandes dificuldades que o paciente enfrenta quando tenta se engajar na reabilitação física, que também é parte vital do tratamento.
A indicação mais moderna para o tratamento da dor crônica relacionada à osteoartrite de joelho é o uso de antidepressivos duais, inibidores da recaptação dos neurotransmissores serotonina e noradrenalina. O aumento dos níveis destas substâncias presentes no sistema nervoso central provoca um efeito analgésico próprio, já presente no corpo. Tais compostos, como a duloxetina, aprovada pela Anvisa para essa indicação, funcionam para a dor independentemente da sua ação antidepressiva.