Os limites prevalecem

Na construção de arranha-céus, passarelas, guias, lojas e toda infra-estrutura das cidades, a grande motivação gira em torno da beleza. Iniciativas motivadas pela responsabilidade social e ambiental ficam em segundo plano. Aqueles que por alguma razão não conseguem se adaptar a esta ?sociedade?, ainda sofrem com as conseqüências da falta de seu amadurecimento, de consciência dos deveres de civilidade, e capacidade de compreender os limites dos deficientes físicos.

Mesmo com o assunto em evidência e o crescente debate, são freqüentes as situações onde se detecta um teor preconceituoso. Sobretudo em um contexto que valoriza a saúde e a aparência. Hoje, cerca de 350 milhões de pessoas no mundo tem algum tipo de deficiência e não dispõem nem mesmo de serviços básicos que as ajudem a superar suas limitações.

A Constituição Federal garante a todo e qualquer cidadão o direito de ir e vir. Porém, as barreiras físicas e ambientais são historicamente responsáveis pela prevalência das limitações. A falta de acesso físico pleno é uma das mais comuns, seguida da falta de oportunidades no mercado de trabalho. Também falta comunicação adequada em locais públicos ou com grande quantidade de pessoas, bem como falta metodologia no atendimento a pessoas com necessidades especiais. Faltam aparelhos e equipamentos específicos para cada tipo de deficiência, e, principalmente, faltam políticas públicas decentes.

No Brasil, encontramos casos de cidades onde o tema, ainda que não solucionado, foi melhor trabalhado, como Curitiba. Iniciativas de municípios com projetos de acessibilidade devem ser valorizadas e expostas, para que se crie uma educação social. Quanto mais cedo, melhor. Há muito a ser feito.

Vamos construir uma sociedade em que os limites são superados com oportunidades. Não só no mercado de trabalho, mas em outras instâncias, como as culturais, religiosas, turísticas, políticas, ambientais e físicas. A constante mutação de uma cidade não nos permite enxergar detalhes que passam despercebidos para a maioria da população. A falta de mobilização e interesse paralisa os que não têm coragem de lutar e ainda inibe outros tantos que até se mostram indignados, fazem gestos de solidariedade, mas desistem diante das dificuldades.

Vivemos em uma sociedade de decretos e imposições, quando bastaria criar uma conscientização e uma comoção geral, capaz acordar a compaixão e a responsabilidade adormecidas.

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