O uso abusivo de álcool interfere negativamente na vida de seu usuário, seja em termos individuais, seja em seu entorno social imediato ou na sociedade como um todo. As implicações sociais do abuso de álcool merecem atenção especial, uma vez que afetam a produtividade da economia, além de gerar gastos de relevância aos cofres públicos, pois requerem recursos do sistema de saúde, judiciário e de outras instituições sociais para a sua solução.
Assim, dentre os danos sociais decorrentes do uso abusivo de álcool, devem ser citados: acidentes de trânsito, perda de produtividade no ambiente de trabalho, problemas familiares, violência urbana, suicídios, entre outros. Segundo a OMS, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas gera, por ano, 1,8 milhão de mortes.
Em relação ao trabalho, o abuso e a dependência de álcool têm aumentado a taxa de absenteísmo e acidentes, diminuindo a qualidade das relações interpessoais entre os funcionários. Isso, de forma geral, afeta a taxa de produtividade e, consequentemente, a economia.
Durante a intoxicação, aumentam-se os riscos de acidentes e/ou violência doméstica. A desestabilidade financeira é possível, já que os recursos são comumente desviados ao uso de álcool ou ao tratamento das morbidades relacionadas. Além disso, o dependente de álcool prejudica não só ele mesmo, como também os outros membros familiares, que têm o desempenho escolar ou profissional e a saúde mental ou psicológica afetados, requerendo, em longo-prazo, algum tipo de tratamento. O abuso de álcool conduz a família à grave desestruturação.
Em termos de saúde, o uso abusivo e dependência de álcool estão relacionados à morbi-mortalidade de 60 tipos diferentes de doenças, sendo responsáveis por 4% dos casos de morte no mundo. O álcool aumenta o risco de desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, doenças cardiovasculares, doenças digestivas e transtornos neuro-psiquiátricos. Somente no período de 2002 a 2004, conforme dados do Ministério da Saúde, o governo gastou mais R$ 143 milhões com o tratamento de transtornos mentais e comportamentais devido ao uso abusivo de álcool.
Em termos de conseqüências agudas, o abuso de álcool aumenta os riscos de uma variedade de situações, entre elas, acidentes automobilísticos ou quedas e violência inter-pessoal. No Brasil, constatou-se que 38,4% dos adultos (que têm carteira de habilitação e costumam beber) possuem o hábito de associar bebida à direção, sendo esse um importante motivo de preocupação.
Diante desse quadro, o primeiro passo é encarar o problema de frente. Assim, o controle dos impostos sobre bebidas, a restrição de acesso, a fiscalização e punição de motoristas que dirijam com alcoolemia acima do legalmente permitido são estratégias de relevância à redução dos gastos públicos associados ao uso excessivo de álcool. Sobretudo, é preciso investir em pesquisas e debates científicos que possam identificar os ramos sociais mais onerados por álcool, guiando à formulação de políticas públicas e das estratégias de intervenção, principalmente de prevenção.