Corrigir a posição dos dentes com a ajuda de aparelho ortodôntico deixou de ser um procedimento caro e de difícil acesso. Nos últimos dez anos, o desenvolvimento de novos materiais e da indústria nacional no setor odontológico, bem como a evolução da técnica da Ortodontia, baixaram o custo e aumentaram a eficácia dos tratamentos.

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A maior oferta de profissionais habilitados também contribuiu para facilitar o acesso dos pacientes aos aparelhos. Em Curitiba, por exemplo, até 1998 não havia mais que três cursos de Especialização em Ortodontia. Hoje são 18. A busca pelo profissional, no entanto, passou a exigir mais cuidado, pois é preciso muito critério na hora de escolher quem faz o tratamento.

De acordo com o doutor em Ortodontia pela Universidade de São Paulo, vice-presidente da Associação Paranaense de Ortodontia e presidente do Grupo Brasileiro de Professores de Ortodontia e Odontopediatria, Alexandre Moro, o resultado do aparelho depende da boa formação do profissional responsável pelo atendimento ao paciente.
“O tratamento não pode ser visto apenas como algo que você chega e compra. O paciente deve verificar no Conselho Regional de Odontologia se o profissional é especialista e buscar referências. Às vezes, ser só especialista não basta”, recomenda Moro.

Segundo ele, isso ocorre porque com a grande oferta de cursos tanto de graduação quanto de especialização, nem todas as instituições de ensino prezam pela qualidade da formação dos dentistas e ortodontistas. “O Brasil tem hoje mais faculdades de Odontologia do que os Estados Unidos, o México e o Canadá juntos”, observa o especialista.

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As consequências de um tratamento mal feito podem variar de dores no rosto e gengivite, até a perda dos dentes e do osso em volta deles, resultando em deformidades. Segundo Alexandre Moro, o índice de pacientes que procuram o seu consultório para corrigirem tratamentos mal executados chega a 30%.

A principal preocupação de quem deseja corrigir os dentes com o uso de aparelhos continua sendo a estética, cerca de 60% do total. Os demais procuram o tratamento por causa de dores faciais, para evitar problemas periodontais (tecidos em volta dos dentes) e desgastes dos dentes, ou por indicação do clínico geral. Nesse universo, os adultos já representam 40%, incluindo idosos. Entre as crianças, o início do tratamento é recomendado somente a partir dos sete anos, com exceção de casos graves.

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Em 1996, época em que a produção científica brasileira no campo da Ortodontia ainda engatinhava, a dissertação de mestrado de Alexandre Moro foi publicada no American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, nos Estados Unidos, Sua tese de doutorado estudou a recidiva dos tratamentos ortodônticos, ou seja, a possível volta do problema após a retirada do aparelho.

Outra pesquisa desenvolvida pelo doutor em ortodontia com foco na correção do retrognatismo mandibular com a utilização do aparelho de Herbst, também repercutiu internacionalmente com a publicação do estudo no Angle Orthodontist periódico americano especializado, tornando-se referência no Brasil para esse tipo de tratamento.