Quando são pequenos, a gente sente vontade de comê-los de tão gostosinhos. Quando crescem, a gente se arrepende de não tê-los comido quando eram pequenininhos. Sempre que se pensa em um ou uma adolescente, a primeira ideia que aparece é a da chegada de problemas. Como se isso acontecesse somente nesta fase de nossas vidas ou como se não houvesse nada de bom que pudesse vir dele e com ele.
A adolescência é uma fase de transformações e mudanças que envolvem não só o físico (acne, primeira menstruação, transpiração etc.), mas, também, personalidade, auto estima, relacionamentos familiares, sociais, sexuais e afetivos. A adolescência é uma ponte entre a criança que fomos (e que é difícil deixar de ser) e o adulto que seremos (o difícil é chegar a ser). Ou seja, é uma passagem, e como é que podemos nos sentir seguros e confiantes em um lugar que não conhecemos, que não sabemos quando chegamos e não temos idéia de quando vamos sair?
O adolescente busca se conhecer, conquistar o mundo e parece não ter tempo para esperar. Sua busca é para se tornar independente, para andar com seus próprios pés, experienciar suas próprias emoções o mais rápido possível. Afinal, essa é só uma fase de passagem e ele não sabe quando vai ter de se transformar em um adulto. Assim, ele precisa de respostas objetivas e concretas que o orientem e estimulem sua busca.
O que os pais podem fazer então? Diálogo sem julgamento, mas com responsabilidade. Ser receptivo, sem ser invasivo. Estar sempre atento e, sempre que possível, disponível para um papo casual. Se essa oportunidade não aparecer espontaneamente, uma matéria em uma revista, trecho de um filme ou novela, ou uma notícia de jornal ou algo na vizinhança podem ser bons pretextos para tocar em temas delicados (drogas, sexo, vícios).
Se os pais demonstram confiança, abre-se a possibilidade da proximidade do jovem. Por mais difícil que possa parecer, ouvir muito e falar pouco é um bom começo. Se os filhos entenderem que a preocupação não é uma invasão, o controle das saídas (onde? e com quem?), festas, shoppings, cinemas, casa dos amigos podem ser uma segurança a mais e não um motivo de atrito.
Pais mais permissivos podem levar aos namoros mais precoces. Pais presentes demais podem impor um momento “mais adequado e mais tardio” para o início de um relacionamento. O que precisamos tentar evitar é o namoro escondido, pois a paixão acontece, sem programação. Devemos aproveitar para falar sobre sexualidade, mesmo que eles ainda não estejam pensando nisso. Pode ser um bom começo.
Promoção à saúde, prevenção e orientação sobre cuidados devem ser oferecidos desde cedo. Falar sobre sexualidade, além dos sentimentos que podem ser abordados, deve privilegiar a orientação. Noções sobre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e gravidez não planejada são fundamentais para que se entenda a necessidade de proteção (preservativos, vacinas, métodos anticoncepcionais).