Licença-maternidade e a saúde da família

A Câmara dos Deputados aprovou recentemente o projeto que aumenta de quatro para seis meses a licença-maternidade. A decisão ainda depende da aceitação das empresas, ou seja, é facultativa, mas já representa um importante avanço para a saúde da mulher e para o desenvolvimento adequado do bebê.

Durante os nove meses de gestação, desde o dia em que descobre a gravidez, a mãe torce para que as semanas passem voando, tamanha é a vontade de ver pela primeira vez o bebê. Após o nascimento, a situação inverte: ela reza para que o relógio pare e, dessa forma, possa cuidar e ficar um pouco mais de tempo com o recém-nascido.

Já se sabe qual é a importância da presença materna para o crescimento da criança. São nos primeiros meses de vida que elas aprendem com mais velocidade e desenvolvem habilidades físicas e motoras. Além disso, o aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida previne doenças e garante mais saúde para o bebê.

A Unicef calcula que um milhão e meio de crianças morrem por ano por falta de aleitamento materno. E não se pense que é só nos países do terceiro mundo. Mesmo nos países industrializados muitas mortes se poderiam evitar com essa simples adoção da medida.

Os benefícios do aleitamento materno são tanto físicos quanto psicológicos, tanto para a mãe quanto para o bebê. Nutrientes e anticorpos são passados para o bebê ao mesmo tempo em que a amamentação libera hormônios na mãe. A ligação entre mãe e bebê também pode ser fortalecida durante o aleitamento.
Hoje, as mães oferecem o leite materno, em média, por dez meses. O ideal é que a criança seja amamentada por mais de dois anos, sendo que, nos primeiros seis meses de vida, exclusivamente, por leite materno.

Para a mãe, esse contato faz milagres. Ela cria laços de afeto, carinho e de respeito com o novo membro da família. Aprende até a decifrar o significado dos choros. Se recupera física e psicologicamente da enxurrada hormonal da gestação e, após a licença, consegue voltar a desenvolver as atividades comuns, como as do trabalho, com mais tranqüilidade e confiança.

Com a decisão, o antigo dilema: “Acabou meu prazo. E agora? Coloco meu filho em uma creche ou deixo meu emprego para me dedicar à função de mãe?”, que sempre vem à tona na hora de voltar à rotina e que dividia os sentimentos da mãe e de toda família, poderá ser deixado de lado.

Os benefícios refletem também nas empresas que aderirem ao projeto. Isso porque poderão descontar as despesas extras do imposto de renda, garantem funcionários mais satisfeitos com o comprometimento dos gestores e mães confiantes e tranqüilas, que poderão se dedicar ao trabalho sem grilos.

O importante é aproveitar esse tempo para adaptar a sua rotina, organizar a vida, se recuperar do período de gestação e cuidar da saúde pós-parto. As empresas querem pessoas dispostas e comprometidas com o trabalho. E isso, nós, mulheres, temos de sobra: cuidamos da carreira, do lar, dos filhos, do companheiro.

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