Cintia La Scala, pediatra
 e alergologista.

O inverno já chegou e, com ele, mais uma temporada de doenças respiratórias. A gripe, uma das doenças mais comuns do inverno, é uma infecção causada pelo vírus influenza e é altamente contagiosa, diferente do resfriado. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 10% a 20% da população mundial é infectada pelo vírus da gripe todo ano. Ou seja, 1 bilhão de casos que podem ser responsáveis por até 1 milhão de mortes por ano. No Brasil, são cerca de 18 milhões de pessoas infectadas pelo influenza por ano, com média de 15 mil mortes.

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Neste cenário, as crianças são as maiores vítimas da gripe e nesta época do ano, o movimento nos consultórios pediátricos chega a aumentar até 50%, com uma média de 600 mil hospitalizações infantis (até 14 anos de idade), só com diagnósticos de gripe e pneumonia. A fragilidade do organismo faz com que as crianças sejam três vezes mais afetadas pela gripe do que os adultos. Além disso, como convivem em grupos, nas escolas e clubes de lazer, elas se tornam as principais disseminadoras da doença.

A incidência do vírus da gripe em crianças em idade escolar pode chegar a 75%. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, comprovou que crianças com idade escolar ou pré-escolar espalham de 10 a 20 vezes mais o vírus influenza do que adultos.

Muitos pais ainda confundem gripe com resfriado, o que pode acarretar em uma demora para iniciar o tratamento, causando ainda mais sofrimento aos pequenos. Mas os sintomas da gripe são súbitos e bem mais intensos, entre eles, febre alta, dores no corpo, mal-estar geral, tosse e às vezes dor na garganta. Para afastar a possibilidade de outras complicações derivadas da gripe, como a pneumonia, é necessário administrar um tratamento adequado logo no início da infecção.

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Hoje já é possível diagnosticar com precisão se a pessoa está gripada por meio de testes rápidos e tratar o problema com maior rapidez e segurança. Para criança, a melhor indicação é a utilização de um antiviral na forma de suspensão oral que deve ser administrado somente com prescrição médica. Diferentemente dos medicamentos livres de prescrição encontrados na farmácia que tratam apenas os sintomas causados pela gripe, um antiviral trata a doença, pois age diretamente no vírus que causa a gripe, impedindo sua disseminação no organismo.

Além de afetar a saúde das crianças, a gripe pode afetar toda a rotina familiar. Resultados de uma pesquisa realizada pelo Ibope apontaram que as crianças gripadas ficam até 4 dias de cama e 74% das mães entrevistadas sofrem algum tipo de mudança no dia-a-dia quando seu filho está com a doença. Mais de 27% das mães afirmaram que chegam a faltar dois do trabalho quando o filho está gripado. Enquanto muitos ignoram sua seriedade ou negligenciam a sua disseminação, a gripe corre solta neste inverno. Prevenção e tratamento logo no início dos sintomas são as armas contra essa inimiga das crianças e tão comum também entre os adultos.

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