Estratégias empresariais diante da nova gripe

Os efeitos da nova gripe vão muito além das dores no corpo, febre, tosse e dor de garganta. Escolas postergando o início das aulas, párocos evitando a saudação de paz nas missas, pessoas “fugindo” de lugares fechados, restrições quanto a viagens para determinados países. A continuar neste ritmo, a pandemia poderá atrasar ainda mais o processo de recuperação econômica mundial.

Mas nem tudo está perdido, pelo menos aos fabricantes de máscaras, álcool em gel e remédios contra a gripe. Os grupos farmacêuticos que fabricam remédios para esse fim tiveram vendas na casa de um bilhão de dólares somente no primeiro trimestre, triplicando os resultados em relação ao ano anterior.

Apesar de toda a euforia no setor, há uma preocupação generalizada sobre a possível falta desses medicamentos. Governos informam que há quantidade suficiente para os casos mais severos e pessoas pertencentes ao grupo de risco. Vacinas já começaram a ser desenvolvidas, mas com previsão de entrega ao mercado a partir de setembro. Contudo, considerando que os óbitos estão atingindo também pessoas, até então, saudáveis, haverá remédio suficiente para imunizar toda a população?
Acredito que esta seja uma preocupação relevante e temo que a resposta para intrigante questão seja negativa. Os laboratórios foram pegos de surpresa com a chegada da nova gripe, cuja procura superou qualquer sazonalidade, como as gripes comuns, típicas no inverno. Apesar dos lucros, as empresas têm difíceis decisões a serem tomadas.

Concentrar todos os esforços na produção desses produtos devido ao aumento repentino da procura pode custar caro. Aumentar a produção requer altos investimentos e leva tempo. Dedicar-se a isso sem boas doses de planejamento pode gerar excesso de estoques e capacidade produtiva ociosa quando a gripe passar.

Alocar parte das linhas de produção para a fabricação dos itens em evidência no momento pode ainda significar a diminuição ou a paralisação temporária na produção de outros produtos. Os concorrentes poderiam aproveitar esse vácuo,
tomando espaço nesses segmentos.

Aumentar preços não é politicamente correto em uma situação de pânico mundial, apesar de tentador. Mancharia a imagem das empresas, as quais poderiam ser taxadas de oportunistas. Conforme a teoria, seria a estratégia correta para diminuir a procura em situações normais, o que definitivamente não é adequado nesse caso.

Enfim, quero reforçar que os laboratórios não podem se deixar levar pela onda da nova gripe sem qualquer preocupação extra com o planejamento empresarial. Aumentar a produção e garantir que não falte medicamento aos que realmente necessitam é a obrigação deles, mas é preciso cuidar muito bem da estratégia do negócio para que os lucros obtidos agora não se transformem em grandes prejuízos no futuro.

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